A Câmara de Trancoso vai inaugurar, em outubro, um centro de interpretação da cultura judaica criado com o objetivo de aumentar o número de visitantes ao concelho.
«O centro Isaac Cardoso está fisicamente concluído e prevemos inaugurá-lo na primeira quinzena de outubro, por ocasião da terceira edição das Jornadas dos Estudos Sefarditas, que têm acontecido entre a Guarda, Trancoso e Belmonte», anunciou o presidente da autarquia, Júlio Sarmento. O equipamento, com projeto do arquiteto Gonçalo Byrne, foi construído na antiga Judiaria da cidade e é dedicado a Isaac Cardoso, médico judeu que nasceu em Trancoso no início do século XVII. «Neste momento, estamos na conceção dos conteúdos multimédia que vão enriquecer o espaço, que será atrativo, vivo e dinâmico», referiu o autarca. Júlio Sarmento revelou que o centro dará destaque à antiga comunidade judaica de Trancoso e terá, entre outros espaços, uma sala de exposições, uma pequena sinagoga para o culto dos visitantes judeus (com o nome de “Poço das Águas Vivas”), uma área museológica e um centro de documentação bibliográfico.
Ali, os visitantes vão poder encontrar informações sobre «os 700 processos» de judeus naturais e residentes em Trancoso que foram vítimas da Inquisição e também elementos sobre os «cerca de 300 sinais cruciformes» existentes no município. Será ainda projetado um filme, com cerca de dez minutos, «que conta toda a história da presença judaica em Portugal, da Inquisição e da diáspora, e faz a sua ligação ao centro histórico de Trancoso», revelou. Segundo Júlio Sarmento, o turismo de origem israelita já é um fator «muito importante» para o concelho, lembrando que em 2011 foram contabilizadas «duas mil dormidas» de turistas daquela nacionalidade. Face a esta realidade e à possibilidade dos mercados brasileiro e americano poderem aumentar, o autarca mostra-se confiante que o turismo judaico terá «grande impacto económico» em Trancoso.
Além disso, a abertura do centro de interpretação da cultura judaica «será um acontecimento marcante, não apenas para Portugal, mas também para Israel, que vê reconhecida, com muita seriedade e tratamento histórico, a presença dos judeus nos séculos XV e XVI» na região. O equipamento cultural representa um investimento de cerca de 1,2 milhões de euros e foi comparticipado por fundos comunitários.
