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Tragédia na A23

Prognóstico continuava reservado para oito feridos do acidente com um autocarro, de que resultaram 15 mortos

Oito dos 18 feridos internados no Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, na sequência do acidente ocorrido segunda-feira na auto-estrada A23, mantinham-se terça à noite em estado grave, um com prognóstico muito reservado.

«Há um doente que está na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) que apresenta, neste momento, um prognóstico muito reservado. Nos outros [quatro, internados na UCI] temos uma situação crítica, o prognóstico é menos bom do que aqueles que estão nas enfermarias» disse aos jornalistas João Frederico, director clínico. Segundo o médico, o doente mais grave tem um problema neurológico central, com traumatismo crâneo-encefálico, mas não vai ser transferido para outra unidade hospitalar. «Não tem indicação para ser transferido, foi já avaliado pelos colegas de Neurologia, não vamos pôr em risco ainda mais a vida do doente», sublinhou. Para além dos cinco feridos internados nos Cuidados Intensivos, três outros internados no serviço de Cirurgia apresentam, igualmente, um quadro clínico grave. Acrescentou que os restantes dez feridos internados no Amato Lusitano apresentam traumatismos ósseos e não têm, actualmente, qualquer indicação de alta hospitalar.

Quatro deles foram transferidos durante a tarde de hoje do Hospital de Abrantes para o de Castelo Branco. Um quinto ferido que se encontrava em Abrantes foi, entretanto, transferido para Santarém. O acidente, ocorrido no nó de Fratel da A23, provocou 15 mortos e 19 feridos hospitalizados, cinco deles em estado grave, distribuídos pelos hospitais de Abrantes, Castelo Branco e Covilhã. O balanço ao fim da noite da passada segunda-feira apontava para 13 mortos, mas durante a madrugada de terça-feira morreram os dois feridos graves, um homem e uma mulher, que tinham sido transferidos para o hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa. Na terça-feira foram já a enterrar algumas das vítimas. No mesmo dia o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, revelou ter já pedido à GNR que investigue as causas do acidente.

«A GNR vai realizar um relatório preliminar, que ficará concluído em poucos dias, não para apurar responsabilidades, mas para descrever o que se passou e relatar as causas», afirmou, à margem do primeiro exercício de equipas de intervenção rápida nas fronteiras, realizado no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. O ministro prometeu ainda que o relatório será do «conhecimento público» logo que esteja pronto. Entretanto, o Governo anunciou uma campanha para diminuir os acidentes nas estradas, após uma reunião entre vários departamentos oficiais na sequência deste acidente. “Morte nas Estradas – Vamos Travar esse Drama” é o lema da campanha anunciada na terça-feira pelo secretário de Estado da Protecção Civil.

Ascenso Simões disse tratar-se de uma iniciativa que envolverá «todo o Governo» e que pretende mobilizar também a sociedade civil. Como consequência desta campanha, as forças de segurança vão aumentar o acompanhamento e a repressão nas estradas, controlando principalmente os limites de velocidade e os índices de alcoolemia. Nesta reunião ficou acordado que haverá uma verba extraordinária de dois milhões de euros para investir em alcolímetros, radares de controlo de velocidade e sistemas informáticos a utilizar pelas forças de segurança.

Processo remetido para o Ministério Público

O processo sobre o acidente que envolveu um autocarro da Câmara Municipal de Castelo Branco na A23 foi «remetido para o Ministério Público», revelou fonte da Brigada de Trânsito (BT) à agência Lusa.

As medidas de polícia que agrupam a «recolha de objectos, fotografias do local, a recolha de provas, a audição das primeiras testemunhas e a preservação de provas, para o processo foram concluídas pelo Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação do destacamento de trânsito de Castelo Branco», explicou a BT. A brigada «já enviou o processo [auto de notícia] para o Ministério Público» de Castelo Branco, «continuando, no entanto, com as diligências necessárias numa situação desta natureza», acrescentou a mesma fonte. A BT informou ainda que «as viaturas já foram removidas, desconhecendo, no entanto, o local que foram transportadas», com o objectivo de preservar as provas. As duas mulheres do automóvel ligeiro, que alegadamente terá embatido na traseira do autocarro, de acordo com o testemunho dos feridos assistidos no hospital de Castelo Branco, sofreram apenas ferimentos ligeiros na colisão.

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