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Tradições populares preservadas nas aldeias do Fundão

Semana Cultural das Terras do Xisto começa domingo e prolonga-se até 1 de Agosto com diversas actividades artísticas e culturais

As manifestações artísticas e culturais vão voltar a percorrer o Pinhal Interior do Fundão a partir de domingo em mais uma Semana Cultural das Terras do Xisto.

A Associação de Desenvolvimento Integrado da Floresta “Pinus Verde”, o Grupo Desportivo e Cultural de Silvares e a Câmara do Fundão, entre outros parceiros, voltam a aliar-se pelo sexto ano consecutivo para promover durante uma semana o território mais recôndito através de espectáculos, ateliers, exposições, visitas, teatro, cinema e outras manifestações lúdicas e desportivas que espelham as tradições e saberes daquelas terras, numa troca de culturas e experiências que pretendem preservar para além do tempo.

As casas típicas das aldeias do Fundão, revestidas em xisto, vão ser o abrigo e o palco de workshops de formação nas mais variadas artes e saberes. “Escrever as pedras de uma casa como se fossem as páginas de um livro” é o workshop orientado por António Godinho que a Quinta do Canal, em Janeiro de Cima, vai acolher até 1 de Agosto. Trata-se de uma residência poética na qual, e durante uma semana, se procederá à inscrição de diversos textos nas paredes da casa que reflectirão sobretudo a experiência vivida e as memórias evocadas pelo local arqueológico que a envolve. A Casa das Tecedeiras, também em Janeiro de Cima, vai acolher dois workshops: um de tapeçaria com a tecedeira fundanense Altina Martins (entre domingo e 1 de Agosto) e outro de tecelagem com Helena Loermans, de 30 de Julho a 6 de Agosto. Um bailarino performer, um arquitecto, um músico, um escritor, um fotógrafo, um realizador, um artista plástico e um coreógrafo vão-se juntar também durante uma semana numa residência artística, desta vez situada na Lavaria do Cabeço do Pião, na Aldeia do Rio. O objectivo passa por coreografar um espectáculo específico para o local da Aldeia do Rio, que será apresentado em 2005 no âmbito do Festival Lugar à Dança e da Semana Cultural das Terras do Xisto e, por outro lado, realizar um documentário de vídeo-dança com a colaboração da comunidade local. Este “work in progress” será orientado pela Associação Vo’Arte.

Sonoridades populares percorrem caminhos de xisto

Os encontros de Bombos de Lavacolhos e das Aldeias do Xisto prometem animar a população ao som do ritmo cultural. Se o primeiro louva o ritmo e as sonoridades do bombo, o segundo tem como objectivo juntar os grupos etnográficos e culturais e os próprios habitantes das aldeias associadas ao Programa das Aldeias do Xisto. As alvoradas e arruadas das fanfarras filarmónicas, pelos cantares alentejanos e de concertos de música tradicional com o grupo popular Maio Moço também percorrem os caminhos de xisto. A astronomia também volta a ocupar um lugar de destaque nesta semana cultural das terras do xisto nas aldeias do Açor, Malhada Velha, Alqueidão e Urgeiro. De segunda-feira a quinta-feira, os amantes desta ciência ou simples curiosos terão a oportunidade de observarem planetas, nebulosas, estrelas e enxames durante a noite, enquanto que de dia há workshops para que as crianças aprendam a conhecer o universo e o sistema solar através de brincadeiras e charadas. “Uma Sardinha pra Três”, uma epopeia beirã na época do volfrâmio, é a peça de teatro que o grupo Vatão de Castelo Branco vai apresentar na Barroca do Zêzere e em Bogas de Baixo, enquanto que as aldeias da Ladeira, Castelejo, S. Martinho e Bogas de Meio recebem cinema de rua. A Colónia de Férias na Casa do Bombo orientada pelos Tocá Rufar e a realização de Desportos Aventura como Paint Ball, canoagem, BTT, tiro com arco ou passeios pedestres, são outras actividades a desenvolver ao longo desta semana cultural.

Liliana Correia

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