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Trabalho, emprego e afins

Utopia

por Pedro Martins, 11º A

Creio ser do senso comum que atravessamos um período adverso. Esta crise, inicialmente encoberta e dissimulada a todo o custo por políticos, resulta, simultaneamente, tão conveniente à comunicação social, dando azo a incontáveis reportagens, entrevistas, crónicas, e nunca possibilitando a falta de um tema para desenvolver.

Ora, de entre a diversa panóplia de problemas que a crise engloba, considero de uma importância inevitável a falta de emprego. Repito. A falta de oportunidades de emprego constitui o maior embargo à superação desta presente situação, e não a falta de trabalho, como usualmente ouvimos falar. Diz-se que não há trabalho… Como não há trabalho se há tanto para fazer, tanto por fazer? Aquilo por que a maioria implora é emprego, algo duradouro e não efémero, algo que recompense de forma justa serviços prestados que não impliquem riscos de maior. Este paralelismo existente entre emprego e trabalho, não raras vezes ignorado e confundido, desmistifica-se com um exemplo concreto: nós, estudantes. Não será difícil perceber que temos trabalho, muito trabalho. Ainda assim, a condição de empregados não nos assenta, pelo que temos trabalho e não emprego. Há, contudo, exceções em que trabalho e emprego adquirem valor sinónimo. Refiro-me, obviamente, ao arriscado, mas valioso e crucial trabalho de quem cria e assegura empregos. Estas entidades particulares, muitas vezes esquecidas pelos nossos governos, permitem alguma produtividade, alguma receita, a elaboração de algo nosso, e, eventualmente, alguma exportação. Trata-se de indivíduos empreendedores e investidores que, tendo noção do risco, superam quaisquer dificuldades com trabalho, pois o emprego de chefe ou de patrão de pouco lhes vale.

Ainda no âmbito desta temática da importação e exportação, destaco o facto de Portugal se ter revelado, nos últimos anos, um potencial exportador de estudantes de medicina, não suficientemente qualificados para ingressar nas universidades portuguesas, mas mais que aptos para se incorporarem em muitas outras da Europa. A par de tudo isto, observamos a constante importação de médicos estrangeiros, uma vez que aqueles formados em território nacional não são suficientes para colmatar as necessidades hospitalares. Ridículo? Seria, não estivéssemos nós em Portugal.

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