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«Trabalhar na prevenção é fundamental»

Cara a Cara – Entrevista: Granja de Sousa

P – Que balanço faz do trabalho como coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil da Guarda?

R – Penso que é positivo, porque ao longo destes 10 anos fui convidado para criar e implementar um serviço, e conseguimos concretizá-lo. O trabalho mais importante nesta área é aquele que não se vê, é a prevenção. Fizemos o Plano Municipal de Emergência, o Plano de Emergência para o centro urbano antigo, o plano da neve, entre outros. E, por outro lado, quando havia incidentes, estivemos sempre presentes, em coordenação com todas as forças. Pelo menos, os objectivos traçados no início foram totalmente cumpridos.

P – Quais foram os momentos mais difíceis que teve de ultrapassar enquanto coordenador?

R – As maiores dificuldades surgem no Verão, com os fogos florestais, e no Inverno, com o gelo. Esta parte temporal perturba todo o bem-estar da população. E, na realidade, aí sentimos uma certa impotência, como seres humanos, para ultrapassar uma situação que é quase sempre imprevisível. São momentos de grande tensão. Aqui, sublinho a importância da coordenação. Os piores anos foram os de 2003 e 2005. Ficaram na minha memória, porque a área ardida, em 2003, foi uma loucura. Nove mil hectares representam para o concelho muito terreno perdido, várias mortes. Em 2005 houve o incêndio de Famalicão, onde faleceram bombeiros nossos e sapadores chilenos. Quando há mortes é sempre muito difícil e toca-nos porque são vidas que se vão embora, deixam sempre família.

P – O que é possível fazer para diminuir os riscos e melhorar as condições de circulação na cidade durante o Inverno, especialmente nos dias de neve?

R – Temos vindo a fazer um trabalho contínuo de informação e aconselhamento para as pessoas terem, no Inverno, meios para ultrapassar os problemas decorrentes da neve. Quem quiser ir para a estrada tem de andar com segurança, deverá colocar correntes nas rodas dos automóveis e, assim, as pessoas podem deslocar-se praticamente para todo o lado com alguma segurança. Essa informação tem passado e penso que já há muita gente que adquiriu correntes. Estava formalizada e planeada a criação de uma equipa de limpeza da neve na Guarda. A partir do momento em que estiver implementada, creio que será uma mais-valia para a cidade, para o concelho e para o distrito.

P – Acha que continua a ser necessário consciencializar os guardenses para conviverem com as condicionantes do Inverno na cidade?

R – Sem dúvida. A educação, numa lógica de condução preventiva, é muito importante. As pessoas têm de aprender a viver numa cidade de montanha, porque, na verdade, a neve não é o maior dos problemas. O que mete mais receio aos guardenses é o gelo. Aí, não há muito a fazer, espalhar sal ou não, a situação é a mesma. Nesta área, terão de reforçar toda essa prática de segurança, pois quem quiser movimentar-se no centro da cidade, e é muita gente, deve adquirir todo esse equipamento e saber conduzir com gelo. Todos os anos temos aconselhado as pessoas.

P – Quais são as áreas que deixam, actualmente, maior preocupação e que deverão merecer especial atenção por parte de quem assumir o cargo?

R – Devem dar uma maior atenção à área da prevenção dos fogos florestais e dos acidentes rodoviários devido às tempestades. Trabalhar na prevenção é fundamental e é necessário que as equipas estejam bem formadas.

P – Quais são os equipamentos de que a Protecção Civil da Guarda ainda não dispõe?

R – Talvez equipamento de limpeza. Se vier o tal serviço de limpeza de neve, penso que ficamos com o problema resolvido nessa área. Em termos de fogos florestais, também nos interessaria termos uma viatura capaz de ir a todo o lado, porque todos somos poucos para fazer face ao fogo. Ainda este ano tivemos casas em risco e houve incêndios bastante complicados no concelho.

P – O que é necessário fazer e ainda não foi feito?

R – Na nossa área, nunca está tudo feito em termos de prevenção. Quando deixei o cargo, deixei o Plano de Emergência do centro histórico feito, agora falta testar. Era e é uma das áreas que me preocupa, porque há infraestruturas antigas e poucos habitantes. Se houver um incêndio durante a noite, com este plano já se consegue actuar.

Granja de Sousa

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