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Trabalhadores da Sotave suspenderam contratos

Operários «perderam confiança na empresa» de Manteigas

Os cerca de 200 trabalhadores da Sotave – Sociedade Têxtil dos Amieiros Verdes, S.A., suspenderam os contratos com aquela empresa de Manteigas na última sexta-feira. «As pessoas estão cansadas das constantes mentiras por parte da administração e perderam a confiança».

Quem o garante é Armandino Susano, dirigente sindical da empresa. Esta medida vem na sucessão do atraso e falta de pagamentos dos salários dos operários, situação que tem vindo a arrastar-se desde há um ano para cá. «A empresa não garantia o pagamento do mês de Agosto e o subsídio de férias», salienta o dirigente, «pelo que fomos obrigados a tomar uma resolução». Agora, a administração terá de acertar contas até «dia 17 do corrente mês». Caso contrário, Armandino Susano garante que vai entrar em contacto com o Governo Civil, no sentido de pressionar a empresa. Se nada se alterar, ao fim de 60 dias os trabalhadores poderão rescindir em definitivo os contratos, por justa causa e, «à partida», poderão ainda receber o subsídio de desemprego «ao invés de estarem dependentes de mais promessas da empresa», garante o dirigente sindical, que acrescenta ainda que tem mantido com a administração um «diálogo de mudos».

Recorde-se que os 200 trabalhadores da empresa de Manteigas levaram a cabo um protesto no final do mês passado. Embora se apresentassem ao trabalho, mantiveram as máquinas paradas cerca de uma semana. «Se trabalham não recebem, então não recebem mas também não trabalham», ouvia-se da boca dos operários. Em atraso estavam os pagamentos relativos a metade do mês de Maio. Confrontado por “O Interior” com a suspensão dos contratos, António Aguilar, presidente do conselho de administração da Sotave, disse apenas que a administração se encontra, de momento, «a analisar a situação e a ponderar os passos a serem dados num futuro próximo». Ainda assim, frisou mostrar-se «surpreendido» com a atitude dos trabalhadores, uma vez que houve uma reunião entre os dirigentes da empresa e a comissão sindical a 21 de Julho, onde esta última «se mostrou compreensiva com a proposta da administração no que se refere ao estabelecimento de um calendário interno para o pagamento dos salários». António Aguilar disse ainda que o protesto de 22 de Julho terá acontecido em situação «ilegal», pois os operários faltaram «injustificadamente» ao trabalho. «O normal seria que fizessem, pelo menos um pré-aviso de greve», disse, frisando uma vez mais que a administração «não consegue entender o que está a acontecer».

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