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Trabalhadores da Gartextil ameaçam consoar frente ao Governo Civil

Novo ultimato sobre futuro da empresa termina a 22 de Dezembro

Os trabalhadores da Gartextil tencionam realizar a consoada natalícia frente ao Governo Civil da Guarda, em defesa da reabertura da empresa têxtil encerrada há 18 meses. Esta posição radical foi aprovada num plenário, realizado na semana passada nas instalações da fábrica da Guarda-Gare, que contou com a participação do coordenador da CGTP, Carvalho da Silva. A reunião, onde foram visíveis os primeiros sinais de alguma desmobilização e desmotivação dos funcionários, resultou numa moção, aprovada por unanimidade, que sublinha que a empresa fechou «de uma forma estranha, inexplicável e misteriosa, depois de ter sido adquirida pelos accionistas da Carveste em condições extremamente benéficas». Um novo plenário foi agendado para 22 de Dezembro.

Em causa está o facto da Gartextil ter recebido a fundo perdido cerca de 1,8 milhões de euros aquando da sua compra pela empresa de Caria em 1998, mas também a redução da dívida de cerca de 75 por cento para 10 por cento através do pagamento a longo prazo (10 anos) do passivo, enquanto os trabalhadores abdicaram de 90 por cento dos salários em dívida. O documento refere ainda que a continuidade da Gartextil, que empregava 200 trabalhadores aquando do encerramento, em Maio de 2002, é de grande importância para o tecido económico e social do concelho e distrito da Guarda, mas que «não basta acreditar-se nos sucessivos programas de recuperação anunciados pelos Governos, tais como o mais recente Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos (PRASD), que apenas será mais um estudo que só levará a mais um passar de tempo». Nesse sentido, os trabalhadores lamentam que as medidas anunciadas pelo Governo para o sector sejam «limitadas, vagas, incertas e não respondem à gravidade da situação e à urgência da intervenção», realçando que «o facto de o Governo ter anunciado 60 milhões de euros para a criação de um Fundo de Capital de Risco para as Áreas Deprimidas, não significa que estas medidas, só por si, resolvam os problemas».

O presidente do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), Carlos João, recordou que estão em curso negociações para a aquisição da empresa, existindo propostas no Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Investimento (IAPMEI) e no Sistema de Incentivos à Recuperação de Médias Empresas (SIRME). «Espero que tudo fique resolvido até Dezembro», avisou, anunciando, no entanto, que se não forem concluídas até ao fim do ano tal ficará a dever-se à «falta de vontade do Governo». De resto, o sindicalista aproveitou a ocasião para criticar os deputados do PSD e PS eleitos pelo círculo da Guarda que «têm feito muito pouco para a reabertura da Gartextil». Entretanto, Carlos João apelou à mobilização dos trabalhadores até que a situação da empresa fique resolvida. «A abertura da Gartextil depende muito de vocês e não de Maria do Carmo Borges ou de Ana Manso», disse o dirigente do STBA. Um apelo repetido por Carvalho da Silva, para quem «as soluções de muitos problemas com que nos debatemos em Portugal dependem da nossa persistência, coerência e pressão». Segundo o coordenador da CGTP, «se não agirmos, as coisas não andam», denunciando que a situação da Gartextil e de muitas outras empresas, importantes para a dinâmica económica e social de Portugal, resulta de «autênticos jogos financeiros».

Luis Martins

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