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Trabalhadores da Dura querem travar “lay-off”

A partir de 1 de Março, 150 funcionários vão trabalhar três dias por semana e receber dois terços do salário nos próximos seis meses

Os trabalhadores da Dura Automotive suspeitam do recurso ao “lay-off” na fabrica de componentes para automóveis de Vila Cortês do Mondego, no concelho da Guarda. Na última sexta-feira saíram à rua para contestar a medida e reclamar alternativas junto da Segurança Social e do Governo Civil. Com este protesto também quiseram alertar a Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) para a fundamentação do pedido por parte da empresa.

«Há indícios de que o “lay-off” pode não ser necessário, já que há trabalho mais do que suficiente para os três dias que a fábrica labora, um terceiro turno a funcionar e muita pressão para se produzir naquele período», justificou Adelino Nunes. O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM) acredita que há alternativas «menos penalizadoras» para os funcionários da multinacional norte-americana, como o aproveitamento das verbas para formação em época de menor produção disponibilizadas pelo Governo desde 28 de Novembro. «A empresa não está a usá-las e optou pelo “lay-off”, que também permite a formação, com as consequentes perdas de um terço do salário dos trabalhadores», lamentou, garantindo que o STIMM vai fazer tudo para a medida não ser implementada. «O “lay-off” ainda não passou de um processo de intenção, decorrendo agora a negociação», acrescentou.

Se as justificações da Dura Automotive forem aceites, a partir de 1 de Março, os 150 trabalhadores da unidade vão trabalhar apenas três dias por semana e receber cerca de dois terços do salário nos próximos seis meses. A par deste abrandamento da produção, a empresa vai dispensar 14 contratados. «Não estávamos à espera desta decisão porque os trabalhadores têm vindo a colaborar com a direcção desde Novembro, fazendo banco de horas, dando férias ou dias de pontes», acrescentou Sandra Sousa. A delegada sindical adiantou que os funcionários têm colaborado sempre, “na esperança das coisas se resolverem sem esta solução penalizadora”, pelo que agora pede «que se faça algo» para estes não fiquem «tão prejudicados». Confirmando que há uma quebra das encomendas, a sindicalista, que também faz parte da Comissão de Trabalhadores, adianta que, «se calhar, essa redução não é tão agressiva como se quer fazer parecer».

Caso contrário não haveria um terceiro turno nalgumas linhas e outras que não páram durante a hora de almoço. «Perante isto, as pessoas desconfiam se não se está a pôr a situação ainda mais grave do que estará realmente. Com que fim? Ainda não sabemos verdadeiramente», declarou, reiterando que os trabalhadores estão a trabalhar «sob pressão para que o trabalho se faça em três dias». No final da audiência no Governo Civil, Maria do Carmo Borges revelou que ia reunir com a direcção da fábrica ao final da tarde da passada terça-feira. «Acho estranho o que se está a passar na Dura, pois não é de um dia para o outro que se diz aos trabalhadores que vão para “lay-off” quando têm estado ao lado da administração para ajudar a ultrapassar a crise», declarou aos jornalistas, dizendo confiar que a empresa vai continuar na Guarda. A Governadora Civil afirmou também que está «a acompanhar a situação da Dura e da Delphi de muito perto».

Maria do Carmo acredita que a Dura «será para durar»

A Governadora Civil da Guarda reuniu, na última segunda-feira, com o director da Dura Automotive que terá assegurado que a fábrica «tem trabalho, mas não tanto como era habitual». Maria do Carmo Borges revelou que o administrador falou numa «redução» das encomendas e que a empresa «tem vindo a utilizar algumas medidas para que os trabalhadores não sejam dispensados». Neste sentido, o director da fábrica localizada em Vila Cortês do Mondego revelou-se «irredutível» na decisão de entrarem em “lay off” durante seis meses – isto apesar de Maria do Carmo ter tentado que se optasse por outras medidas –, mas mostrou-se confiante de «que nem será por tanto tempo», uma vez que a empresa espera «recuperar encomendas» nos próximos tempos. Segundo Maria do Carmo Borges, o responsável garantiu ainda que a fábrica «está habituada a encontrar soluções para os problemas», mas terá confessado que ficou «surpreendido» por os trabalhadores, com quem espera «ultrapassar esta pequena crise», terem vindo para a rua «sem terem esgotado os prazos de negociação». A O INTERIOR, a Governadora Civil da Guarda disse acreditar que a «Dura será para durar» na Guarda.

Luis Martins

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