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Touro à solta fere sete pessoas no Soito

Capeias deste ano já provocaram cerca de 15 feridos, um dos quais com gravidade

Sete pessoas ficaram feridas na noite de quinta-feira numa capeia realizada no Soito (Sabugal), quando um touro saltou por cima de uma trincheira. As pessoas foram feridas com cornadas em diversas partes do corpo, tendo algumas delas ficado internadas no hospital Sousa Martins, na Guarda, entre elas uma criança de cinco anos. Segundo José Cunha, director clínico daquela unidade hospitalar, todas estavam a ser alvo de uma «vigilância moderada e de algum cuidado no internamento» a aguardarem evolução da sua situação clínica. Contudo, no fim-de-semana, um emigrante foi transferido, a seu pedido, para Bordéus, para ali ser tratado. Previa-se que os restantes pudessem ter alta a meio desta semana.

Tudo aconteceu durante uma capeia organizada ao final da tarde da última quinta-feira. Um dos últimos touros galgou um balcão sobranceiro à arena improvisada, onde se encontravam cerca de dez pessoas, e fugiu pelas ruas contíguas, deixando para trás alguns espectadores feridos em resultado de quedas. O pânico e os estragos alastraram-se depois à vila, uma vez que o animal ainda percorreu algumas ruas do Soito fazendo mais feridos, um dos quais uma criança de cinco anos que se encontrava a brincar na rua e que terá sido alegadamente a única vítima a ser atingida pelas hastes do touro, que é corrido em pontas neste tipo de touradas. Isto é, sem que os cornos estejam cobertos por protectores em couro, como na corrida à portuguesa. «A causa dos internamentos das vítimas de toureios são sempre politraumatismos e envolvem por vezes fracturas ósseas, lesões articulares, mas também traumatismos internos, quer os imediatos, quer aqueles que se possam desenvolver nas horas seguintes. Os casos que têm ocorrido ao Sousa Martins são de natureza ligeira ou de moderada gravidade, tendo alguns necessitado de intervenção cirúrgica, enquanto outros foram alvo de mais vigilância e de redução de fracturas sem o recurso à cirurgia», disse José Cunha.

O incidente ocorreu numa capeia organizada por dois habitantes do Soito, que resolveram manter a tradição apesar das tradicionais festas de S. Cristóvão não se realizarem este ano. Fonte da GNR local disse a “O Interior” que a organização possuía alvará para a sua realização junto da Câmara do Sabugal, bem como um seguro. O presidente do município, António Morgado, confirmou que é à autarquia que compete a emissão de licenças para estes eventos tauromáquicos e que «os pedidos feitos para a realização de qualquer evento são deferidos quando cumpridas as formalidades legais». Escusando-se a comentar o sucedido no Soito, o autarca sempre vai dizendo que «não há nada nem ninguém que possa proteger todas as pessoas que assistem a uma capeia se estas não tiverem cuidado». Recorde-se que na semana passada o Centro de Saúde do Sabugal prestou assistência a uma dezena de feridos resultantes das capeias realizadas no concelho raiano. Conforme “O Interior” noticiou na última edição, aquela unidade tinha assistido cinco pessoas com ferimentos ligeiros e escoriações causadas por cornadas e outros incidentes ocorridos nas capeias. Outras duas tiveram mesmo que ser transferidas para o Hospital Sousa Martins, enquanto uma terceira foi encaminhada para os Hospitais da Universidade de Coimbra devido a uma perfuração da anca, ocorrida durante a capeia dos Forcalhos.

Luis Martins

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