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Torre de Santo António não vai abaixo

Prédio vai ser recuperado para apartamentos e será complementado com mais dois edifícios laterais para comércio e estacionamento

O destino da Torre de Santo António, na Covilhã, será bem diferente das torres de Tróia. Afinal, o edifício inacabado de 20 andares e abandonado há quase três décadas, não vai abaixo, tal como tinha sido deliberado em reunião de Câmara há três anos. Pelo contrário, será «para concluir» e para dar lugar à ideia do projecto inicial: um investimento para comércio e habitação, afirmou Carlos Pinto na última reunião do executivo.

No acordo celebrado com o Montepio Geral, proprietário do imóvel, ficou assente a conclusão do projecto inicial, desenhado pelo arquitecto Fernando Pinto de Sousa (pai do primeiro-ministro). Agora a ideia passa por recuperar a torre e construir mais dois edifícios de suporte lateral na base. No fundo, o complexo será como «um “T” invertido» destinado ao comércio e estacionamento nos primeiros pisos, e apartamentos na torre. «Não vai ter impacto visível, o que permite atenuar os efeitos da própria torre e ter essas áreas para serviços complementares», acrescentou o autarca, adiantando que «só haverá uma torre». É que no projecto inicial previa-se a construção de três grandes edifícios destinados à habitação, comércio e estacionamento. A construção do prédio central de 20 andares foi a única a arrancar, sustentada num financiamento bancário. Mas, segundo se consta, a gestão dos recursos não terá sido a melhor, o que levou ao abandono dos trabalhos na década de 80. Numa das últimas fases, o projecto previa a construção de quatro fogos por piso, sendo uma parte destinada a uma unidade hoteleira e a outra a habitação. No topo seria instalado um restaurante panorâmico.

Além da recuperação do imóvel, o Montepio Geral vai ainda suportar os custos de beneficiação dos acessos e pagar 650 mil euros de «compensação à Câmara por prejuízos causados por todo este tempo em que não foi concluído, mais as respectivas taxas de licença de construção». Recorde-se que a decisão de demolir o edifício foi tomada em Maio de 2002, com Carlos Pinto a considerar tratar-se de um imóvel degradante para a paisagem. A ideia do autarca passava pela construção de um novo loteamento, com habitações que não ultrapassassem os três pisos, chegando mesmo a indeferir a renovação da licença de construção do prédio. Após três anos de discussão com o Montepio Geral, a autarquia decidiu abandonar a demolição e chegar a acordo. «Foi uma decisão bem ponderada e demos um passo em frente para resolver o problema», concordou o edil, justificando-se com uma auscultação a «vários peritos urbanísticos» que terão considerado a torre um «elemento suportado pela encosta da Serra». Um argumento que não satisfaz Miguel Nascimento. O vereador do PS na Câmara da Covilhã continua a defender a implosão do edifício, pois é um «atentado paisagístico à imagem da Serra da Estrela». Mas ainda assim, «é melhor do que a situação de abandono em que o edifício se encontra», acrescenta. “O Interior” ainda tentou contactar a administração do Montepio Geral, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

Liliana Correia

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