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«Todos vamos tirar contrapartidas depois das obras na Praça Velha»

Cara a Cara – Entrevista

P- Como é que vai ficar a nova Praça Velha?

R- Acima de tudo vai ser uma praça com uma imagem actual e com a possibilidade de novas funcionalidades em termos de actividades diversas. Estas só são possíveis com a nova reformulação e sem a amálgama de carros que actualmente monopolizam aquela área. Só por isso o espaço fica logo mais valorizado. A intervenção baseia-se, principalmente, em termos de pavimentos, com a criação de três ou quatro grandes plataformas que criam automaticamente pequenas zonas de lazer.

P-O facto de ser uma intervenção no coração da cidade poderá ser uma condicionante para se cumprirem os prazos?

R- Devido ao tipo de obra e pelo local que é, gostaríamos imenso de que esta obra pudesse ser antecipada e não durasse os 180 dias. Mas também não podemos esquecer que é uma obra no centro histórico, logo traz sempre outros problemas e algumas surpresas que muitas vezes não estão equacionadas. No entanto, vamos tentar resolver todas essas possibilidades de modo a que o prazo não ultrapasse o estipulado. Contudo, a Praça Luís de Camões, a área posterior da Sé e a Rua do Comércio, não vão entrar em obras ao mesmo tempo mas serão faseadas para evitar que o centro se transformasse num autêntico estaleiro.

P-Com as obras, o trânsito foi condicionado, como é que as pessoas podem circular? Há trajectos alternativos?

R-O alerta que já fizemos à população é para avisar que vai começar haver movimentação por parte do empreiteiro naquela zona, para montagem de estaleiro, colocação de sinalização alternativa e identificação de obras. As obras propriamente ditas só começarão a partir do dia 23 e só nessa altura entrarão as máquinas em funcionamento. Mesmo assim o trânsito será alternado conforme as necessidades das obras e consoante as zonas de intervenção. No entanto, vamos tentar ter alguma flexibilidade em termos de trânsito na zona que irá ser intervencionada.

P-Houve alterações ao projecto inicial do arquitecto Camilo Cortesão?

R-Não, o projecto mantém-se na íntegra. Para além daqueles patamares e da re-localização da estátua do D. Sancho para junto da Sé, há uma zona também de intervenção na parte posterior da Catedral, onde será criada uma escadaria de modo a que as pessoas que vêm de Sul para a Praça possam logo absorver o monumento, quando neste momento aquele muro é um pouco limitativo. Simultaneamente, esses mesmos degraus criarão um anfiteatro ao ar livre, tendo como fundo a Sé Catedral. Será retirada também a estátua da criança, dando lugar todo aquele talude a uma zona devidamente arborizada, de forma a criar uma maior envolvência ao “ex-libris” da cidade. Por sua vez, o pavimento da Rua do Comércio será elevado, de modo a ficar contínuo e permitir uma maior facilidade de circulação em termos de peões. Tudo isto estava já equacionado pelo arquitecto Camilo Cortesão e vai arrancar agora em termos de obras.

P- Vão tentar sensibilizar os proprietários dos edifícios circundantes para a requalificação das fachadas?

R-Acho que essa sensibilização vai acontecer por parte da autarquia. Mas penso que a melhor forma é dar o exemplo e intervir no espaço público, para que as pessoas tenham também, a partir daí, alguma vontade. Se isso acontecesse toda a cidade seria valorizada, tal como o utente daquele espaço, o munícipe ou o turista, bem como o próprio proprietário podia tirar outra rentabilidade do seu imóvel. Espero que seja o início de um conjunto de sinergias, de modo a levar as pessoas a olharem para os seus edifícios.

P-Já estão a surgir algumas críticas e há alguma polémica em volta destas obras. O Polis está preparado para esta contestação?

R-Temos que estar sempre preparados. De certeza que se perguntássemos a todos os munícipes se havia outra solução, todos apresentavam alternativas diferentes. No entanto, a solução que está preconizada para a Praça Luís de Camões tem por detrás um técnico que tem dado provas do seu valor em termos de centros históricos e vamos apostar que esta é a melhor intervenção. Claro, que estas acções nem sempre agradam a todos, e as obras muito menos. Até porque provocam sempre impactos negativos. Mas as pessoas terão que perceber que estamos a valorizar aquele espaço e, após estas obras, seguramente, todos vamos tirar contrapartidas.

P-Qual será a próxima grande obra a ser posta em marcha pelo Polis?

R-Estão preparadas duas. Uma, cuja abertura decorreu ontem, é a requalificação e revitalização da rua e do Largo do Torreão. Foram abertas as propostas para que possamos de imediato proceder à sua adjudicação e assim criar uma linha de intervenção em termos de centro histórico que terá o seu remate no antigo quartel dos bombeiros, para onde está previsto um restaurante panorâmico com esplanada e miradouro, que será o próximo concurso a ser lançado. Até porque a encosta Norte está quase concluída, aguardando só esta segunda fase.

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