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Todos solidários com o Tiago

Cerca de 500 voluntários participaram na recolha de sangue para se encontrar um dador de medula óssea para jovem pinhelense

«Basta doar sangue para dar uma vida», podia ser um anúncio publicitário, mas não é. Pode ter sido certamente o mote que levou cerca de 500 pessoas, vindas de todo o lado, até Pinhel no último domingo em resposta ao apelo lançado pelos pais do pequeno Tiago Santos, de seis anos, natural de Pala, que precisa de encontrar um potencial dador de medula óssea. A recolha de sangue, que decorreu no Centro de Saúde de Pinhel por uma equipa do Registo Português de Dadores de Medula Óssea, estava à espera de 200 dadores, mas os presentes superaram em muito as inscrições e as expectativas de familiares e clínicos.

«Acho que uma daquelas pessoas vai ser o dador do Tiago. Caso contrário, ainda podemos recorrer aos milhões de dadores do registo europeu ou mundial», confia o pai, José Santos. Perante a grande onda de solidariedade que se gerou à volta do pequeno Tiago, o pai confessa estar «com esperança e fé». No entanto, ainda é cedo para se conhecerem os resultados desta recolha sem precedentes. No entanto, encontrar um dador de medula óssea compatível «é uma tarefa muito complicada», adianta, visto que as pessoas são geneticamente muito diferentes. Neste caso, os potenciais dadores tiveram que preencher um inquérito, posteriormente avaliado e aprovado por um clínico. Para além das 496 inscrições, ainda houve alguns candidatos que foram rejeitados, pois não preenchiam os requisitos em termos da idade (tem que ser entre os 18 e 45 anos), de saúde ou pelo peso. Na longa fila de espera houve muitos amigos, mas também «pessoas que nunca tinha visto», conta orgulhosamente o pai, revelando que alguns vieram de Trancoso, Penamacor e até de Castelo Branco. «Nunca pensámos que houvesse uma onda de solidariedade tão grande», confessa José Santos, agradecido a todos aqueles que quiseram ajudar o Tiago. «É uma atitude que pode contribuir para salvar o meu filho, mas se não for para ele poderá ajudar alguém», adianta, consciente de que ainda há muito caminho a percorrer nesta luta e recordando outras crianças com a mesma doença, que conheceu no Pediátrico de Coimbra.

Já lá vão quase dois anos desde que foi detectada leucemia ao Tiago Santos, «quatro dias depois de ter celebrado o seu quarto aniversário, no dia 27 de Junho», recorda com exactidão, o pai. Desde então Tiago tem vivido entre muitos tratamentos e medicamentos. Agora, depois de uma recaída, está a fazer sessões de radioterapia no Hospital Pediátrico de Coimbra para depois se efectuar o transplante da medula óssea, a única forma de tratamento para salvar o pequeno Tiago. Um passo que vai ser dados nos próximos meses. Trata-se de um processo simples, pois existem duas opções de colheita de células para transplantação de medula que não são prejudicais à saúde do dador, já que estas células se renovam. Quando a colheita é feita a partir da medula óssea, o transplante requer anestesia geral e uma curta hospitalização. Através de outro método, o dador tem de tomar previamente um medicamento que vai aumentar a produção de células progenitoras no sangue, que serão colhidas e depois transplantadas. Com uma pequena recolha de sangue assegura-se a inscrição numa base de dados, que regista os dados pessoais, a tipagem HLA (as referidas características tecidulares) e a informação de que é um eventual dador.

Patrícia Correia

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