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Todos contra a extinção de freguesias

ANAFRE ouviu presidentes de Junta do distrito, que pedem mais competências e apoios financeiros para trabalhar

A eventualidade de uma reorganização administrativa das freguesias foi unanimemente contestada durante o encontro distrital da Guarda da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), que decorreu na sede do distrito. No passado sábado, cerca de meia centena de presidentes de Junta contestaram a intenção do Governo e reivindicaram mais competências e meios financeiros para trabalhar.

Curiosamente, Santinho Pacheco foi a primeira voz a levantar-se contra esta possibilidade, dizendo ser mais prioritária a criação das regiões administrativas. «Sem regionalização, acabar com as freguesias seria um erro de tal dimensão que é quase um crime de lesa-território, pois as Juntas são os últimos resistentes nas nossas terras», afirmou. O Governador Civil considerou ainda que estas entidades são «absolutamente necessárias» ao desenvolvimento do distrito e que extingui-las «à cega é criar uma revolta», sublinhando que, «para mal, já basta como está». O mesmo defendeu Luís Soares, coordenador do conselho diretivo da Delegação Distrital da Guarda da ANAFRE, que lembrou que as transferências para as freguesias representam apenas 0,1 por cento do Orçamento de Estado.

O também presidente da Junta de Sameiro (Manteigas) defendeu depois que esta reorganização deve ser feita «tendo em conta a opinião das populações e não contra elas», uma deixa aproveitada por João Amaro, autarca de S. Pedro (Gouveia) e presidente da Assembleia Distrital da ANAFRE, para sugerir o eventual recurso aos referendos locais. Por sua vez, Armando Vieira, presidente do Conselho Diretivo Nacional daquela associação, declarou que tudo não passará de «uma manobra de diversão para distrair os portugueses dos verdadeiros problemas do país». Os presentes concordaram e ouviram ainda o dirigente recordar que várias freguesias «perderam cerca de 40 por cento dos seus recursos» nos últimos anos. «Como seria se isso acontecesse num ministério», perguntou, não sem antes afirmar que os presidentes de Junta são «os indigentes do sistema democrático português».

Armando Vieira alegou que «ninguém tem o direito de extinguir a identidade de uma comunidade» e justificou a importância das Juntas com o resultado de um estudo, segundo o qual «um euro investido pelas freguesias tem um retorno de quatro euros a favor da comunidade». Dado confirmado por José Abrantes, presidente da Junta de Ade (Almeida), que se insurgiu contra a reorganização das freguesias, reclamando que o Governo devia «dar mais competências e apoios financeiros em vez de eliminar Juntas. Nem Salazar acabou com elas». Já Aníbal Magina, de Nespereira (Gouveia), constatou que têm fechado escolas e extensões de saúde «sem passar cavaco às Juntas, isto porque temos pouco poder reivindicativo». Na sua opinião, devia era reduzir-se o número de deputados na Assembleia da República.

No final, aos jornalistas, Armando Vieira avisou que, devido ao baixo número de eleitores, o distrito da Guarda será um dos mais afetados se a fusão ou extinção de freguesias avançar. Este encontro serviu para preparar o XIII Congresso Nacional das Freguesias.

Luis Martins Medida é «uma manobra de diversão para distrair» portugueses dos problemas do país, disse o presidente da ANAFRE (à esquerda na foto)

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