A falta de apoio do Ministério da Cultura voltou a marcar a sessão comemorativa do quarto aniversário do Teatro Municipal da Guarda (TMG), cujas actividades foram vistas por pouco mais de 54 mil espectadores entre Maio de 2008 e Abril de 2009. Neste período, cerca de 46 mil pessoas frequentaram o café-concerto e, segundo o balanço apresentado no último sábado, a taxa de ocupação dos diferentes espaços foi de 68,4 por cento em 2008, o que representa um aumento de sete por cento comparativamente a 2007.
«O TMG já tem uma identidade própria no panorama regional e nacional graças à qualidade e diversidade da sua programação. Tanto apresentamos espectáculos para grandes públicos, como propostas vanguardistas, é isso que faz a nossa diferença e com bons resultados», afirmou o director Américo Rodrigues. Apesar disso, a autarquia e a parceria com a Junta de Castela e Leão continuam a ser os principais financiadores da programação da estrutura. Mas há mais alternativas em perspectiva. É que o TMG faz parte do núcleo fundador da primeira rede portuguesa de teatros e cine-teatros, actualmente em fase de formação, e dinamiza uma outra, denominada “Cinco Sentidos”, com os teatros de Vila Flor, Maria Matos (Lisboa), Viriato (Viseu) e Virgínia (Torres Novas). Este último projecto já garantiu verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para actividades em 2010 e 2011. «O ministério não apoia teatros geridos por empresas municipais, como é o nosso caso, e não encontrou alternativas ao problema nestes últimos anos», lamentou o responsável.
Américo Rodrigues considerou ainda que a maioria dos equipamentos criados pelo país na era de Manuel Maria Carrilho foram «abandonados» pela tutela e, no caso da Guarda, reclamou um «apoio directo». No entanto, reconheceu que «essa decisão política não será tomada neste período pré-eleitoral», responsabilizando também o ministério pelo «erro» que está a impedir os mecenas do Teatro Municipal de beneficiarem de vantagens fiscais em troca do seu apoio. Neste campo, o director do TMG não deixou de lamentar que as maiores empresas da Guarda continuem a não apoiar as actividades do teatro. Em jeito de resposta, o director regional de Cultura do Centro, presente na sessão, referiu que os apoios directos só poderão ser equacionados após a definição do «novo mapa cultural» do país. «Há centenas de equipamentos na região, pelo que é preciso perceber quais deles desempenharão um papel de âncora cultural», acrescentou, destacando a «indiscutível notoriedade» do TMG.
No entanto, para António Pedro Pita, «sem este mapa estar definido não faz sentido abordar questões financeiras para estes equipamentos», admitindo haver já um «mapa informal», mas não um calendário para criar essa rede.
Luis Martins