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TMG e conexos

Uma prévia precisão. Não se trata do Tempo Médio de Greenwich, que tão cabalmente ordenou – e ordena ainda, para muitos – a vida. Aqui vamos falar do Teatro Municipal da Guarda.

Por escrúpulo, após ter escrito o artigo sobre “Plágios”, de Maria Oliveira, voltei à exposição para confirmar a absoluta congruência do texto. Dado que a minha “boa estrela” sempre se confirma, pude trocar breves impressões com a autora.

Pena foi a minha pressa, mas ficou combinada uma conversa.

Sucede é que os meus alunos, nos madrilenos museus do Prado ou Thyssen-Bornemisza, registam, prontamente e com todo o respeito, as extremas atenção, simpatia, perspicácia e dinamismo das empregadas, tal qual a sua forte personalidade, em suma, a sua admirável categoria profissional.

Quem ensina a importância da Arte, o hieratismo do lugar e todo o supra arrolado à empregada do TMG, uma “criancinha” com rosto de alguém desvalido, perplexo, “a Leste”? Quem a levou para tal lugar? Que regras para a admissão? Aos munícipes é devida qualidade e transparência.

Ela – e todos nós – ficará profundamente grata a quem a faça crescer, pois não tem culpa da sua cerrada ignorância.

E, todavia, o TMG, desde o momento da inauguração, foi uma “caixa” de surpresas.

Mal tinha acabado de me sentar, ainda a Mesa não tinha começado a falar, e bastou assentar o meu cotovelo esquerdo para partir o apoio. Que faria se fosse avantajado!!

Mas há mais. Há quem se tenha sentado e ficado sem… o apoio das costas; há quem se tenha sentado e ficado com o casaco todo sujo de pó; e há quem – eu próprio – se tenha metido num dos elevadores de estacionamento e… lá tenha ficado fechado. Carreguei nas campainhas e, a única solução, foi, com as mãos, forçar a porta do ascensor para sair.

Fiquei tão intrigado que, após ter saído, subi as escadas – que levavam apenas ao piso de cima. Explicações para não usar o elevador? – Nenhumas.

Ou seja: onde está a mais elementar educação por parte de quem era suposto ser responsável?

Muitos dias depois não consegui sair do parque de estacionamento pela via normal, porque um autocarro, entretanto chegado com criancinhas, quase batia com a chapa entre eixos no ponto em que a rampa se interrompa para a entrada do estacionamento. Felizmente houve uma solução: sair pela GNR.

Que se passa com tudo isto? Terá o empreiteiro, os arquitectos, os planificadores, sei quem, cuidado que, passe o plebeísmo, “p’ra quem é bacalhau basta”? Quem informa os munícipes?

NO SALÃO da Junta de Freguesia de S. Miguel (Guarda-Gare), a 13 transacto, foi inaugurada uma exposição de esculturas em madeira, de Felizardo Valério.

É obrigatório ir lá. Por um lado, mostra eloquentemente o mundo interior de um português “normal”, em cuja vida o futebol tem um excessivo protagonismo. Por outro, a congruência do autor: o amor pelos lugares de infância, conatural ao “Caranguejo” (o autor nasceu a 10-VII) ressumbra da quase totalidade de toda a obra.

E não só. A infância e adolescência, enquanto momentos cruciais de vida, devem ser acarinhados por todos. Uma criança – e é apenas um exemplo – tem perfeita aptidão para captar o essencial e o alcance da estrutura de um carro de bois (ainda com os chiantes eixos de madeira) e a memória das fainas e instrumentos agrícolas permanecerá como um cálido marco afectivo, ademais, é claro, de ser motivo de arte.

Passar o tempo entretido com arte é factor de longevidade e, como exemplo, citem-se os surrealistas, que, em numerosos casos, foram nonagenários.

Estão de parabéns os autarcas da Junta de Freguesia, a Artelivre – Associação dos Artistas Plásticos da Guarda, de que o autor faz parte e, claro, este agente da PSP que dá pelo nome de Felizardo Valério.

Por: J. A. Alves Ambrósio

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