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Textos e Pretextos sobre Eugénio de Andrade

Revista do Centro de Estudos Comparativos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa dedica quinta edição aos 82 anos do poeta

«Há poetas que nos chegam e nunca se vão embora. Para mim, Eugénio de Andrade é um desses», escreve Yao Jing Ming na quinta edição da revista “Textos e Pretextos”, exclusivamente dedicada ao autor de “Poemas”, a propósito dos seus 82 anos, e que foi apresentada no último sábado na Biblioteca Municipal do Fundão.

Margarida Gil dos Reis, directora da publicação, Jorge Listopad, Urbano Tavares Rodrigues, Helena Carvalhão Buescu, António Salvado, Fernando J.B. Martinho, Dário Gonçalves e Fernando Paulouro, admiradores da obra do autor natural da Póvoa da Atalaia, fizeram questão de marcar presença na sessão onde foram lidos alguns poemas, visionado um filme sobre Eugénio de Andrade e excertos de uma entrevista, para além da declamação de poemas da sua autoria. Editada pelo Centro de Estudos Comparativos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o novo número da revista literária contém testemunhos e textos inéditos de escritores como António Lobo Antunes, Jorge Listopad, Mário Cláudio, Fernando Pinto do Amaral e Nuno Júdice, artistas como Ângelo de Sousa, Armando Alves e Jorge Pinheiro, e ainda dos tradutores Alex Levitin (americano) e Yao Jing Ming (chinês). A revista revela também manuscritos e ensaios sobre a obra do poeta, a sua bibliografia, uma série de fotografias e uma antologia do autor ilustrada por Francisco Simões. A Câmara do Fundão, que editou a revista em conjunto, adquiriu 200 exemplares dos 750 editados.

José Fontinhas, nome civil do autor de “O Sal da Língua”, nasceu a 19 de Janeiro de 1923 na Póvoa da Atalaia, uma pequena aldeia no concelho do Fundão. A sua extensa poesia é fortemente marcada pela mãe – pessoa que mais o marcou em toda a sua vida – e pelos momentos passados na sua terra beirã durante a infância. «A minha ligação à infância é, sobretudo, uma ligação à minha mãe e à minha terra, porque, no fundo, vivemos um para o outro», escreveu um dia Eugénio de Andrade, que se mudou em 1932 para Lisboa com a mãe. E foi aí que José Fontinhas escreveu o seu primeiro poema em 1939 com “Narciso”. Seguem-se “Pureza” (1942) e “Adolescente” (1945), mas é com “As Mãos e os Frutos”, em 1948, que Eugénio de Andrade alcança o sucesso e marca profundamente a poesia portuguesa. Depois disso, seguiu-se uma carreira vasta e rica em poesia, na prosa, ensaios, tradução e na antologia, para além da participação em muitas publicações literárias de renome como “Mundo Literário”, “Seara Nova” e “Vértice”. Um sucesso que soube conciliar ao mesmo tempo que exercia as funções de inspector administrativo do Ministério da Saúde até 1983.

Na sequência desse cargo, Eugénio de Andrade mudou-se me 1950 para o Porto, cidade em que reside actualmente. O vencedor do Premio Camões 2001 é actualmente um dos poetas portugueses mais divulgados no mundo, já que a sua obra poética e em prosa está traduzida e editada na Alemanha, China, México, EUA, Espanha, Rússia, Venezuela, México, Jugoslávia, Astúrias, França, Itália e Inglaterra.

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