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Terras de Cultura

O Douro Superior está este fim-de-semana de festa. Engalanada e expetante, Vila Nova de Foz Côa recebe o Festival de Vinhos, palco de sabores e odores, que congrega especialistas, produtores e curiosos – é o território dos amantes da boa pinga, porque os vinhos do Douro Superior estão, garantidamente, entre os melhores néctares que se fazem em Portugal e, porque não dizê-lo, no mundo.

O vinho desta sub-região destaca-se pelas suas características díspares, resultado de uma aliança ancestral entre as técnicas humanas e um terroir carregado de dissemelhanças, entre os montes agrestes e áridos, com pluviosidade similar à do deserto, exposição solar e encostas íngremes e protetoras, e uma diversidade genética que enriquece a viticultura da região. As castas são os ingredientes fundamentais do vinho e é a sua natureza e variedade que dão a um tinto longevidade e firmeza, que lhe conferem consistência e densidade; ou ao branco acidez e frescura.

Os vinhos do Douro superior estão na moda, mas se conquistam um lugar de destaque nas garrafeiras é pela sua qualidade e sabor, pelo aroma, pelo singularidade e porte. Para muitos especialistas, a qualidade dos vinhos do Douro nunca foi tão alta e é no Douro Superior que os melhores néctares despontam. Soares Franco, da Duorum, que entrevistamos nesta edição, afirma confiante que em qualquer guia de vinhos, entre os dez “eleitos” há três ou quatro que são produzidos no Douro Superior.

É toda essa vastidão de produto, de sabores e aromas que se celebra este fim-de-semana no Festival de Vinho de Foz Côa onde, muito mais do que os putativos vencedores do concurso de vinhos, vai respirar-se o saber fazer vinhos, únicos, excêntricos e deliciosos. Num tempo em que a exportação cresce e muitos vinhos portugueses vão escalando lugares entre os mais destacados críticos internacionais, recolhendo prémios e altas pontuações em revistas especializadas, a região vai reencontrar-se com o melhor da sua terra: o vinho, a amêndoa e o azeite – os produtos endógenos. Entre sexta-feira e domingo há mais uma razão para estar junto à foz do Côa, entre dois Patrimónios Mundiais, e o mundo paleolítico do Vale do Côa, entre o Museu do Côa e a cultura, a cultura da terra.

Luís Baptista-Martins

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