por Maria João Pinto*
O primeiro semestre terminou, a primeira fase de exames também. Gozamos, agora, aquilo a que chamamos umas merecidas férias, embora ainda pautadas por alguma ansiedade. Os resultados do nosso árduo esforço ainda não são conhecidos na totalidade; na mala, ainda deixámos espaço para os livros, a sombra de uma eventual melhoria a pairar sobre nós…
Janeiro é, agora, sinónimo de época de exames – o que significa que aquelas últimas duas semanas de Dezembro, anteriormente conhecidas como férias de Natal, têm de ser aproveitadas para estudar. Enquanto estudantes do Ensino Secundário, tal seria impensável; na Faculdade, não há outra hipótese para quem quer fazer todas as cadeiras. Custa bastante ver toda a gente de férias, enquanto nós temos de decorar as inserções dos músculos e as enzimas das vias metabólicas… É mais um sinal de mudança, dedicado a convencer-nos de que já não somos crianças e de que, se queremos chegar a algum lado, a iniciativa tem de (geralmente) partir de nós.
Assim, por entre livros, sebentas e apontamentos, chegámos a Janeiro. Alguns começaram o ano com os tão temidos exames; outros ainda tiveram duas semanas de aulas, pautadas de testes, trabalhos e exames práticos, logo seguidas de mais duas semanas de exames teóricos a todas as cadeiras. E é aí que qualquer estudante universitário torce o nariz: quando tem de deixar as saídas, os cafés, os amigos e o descanso de lado para estudar páginas e páginas plenas de informações, numa corrida contra o tempo. As refeições são abreviadas, as horas de sono, suprimidas. O cansaço instala-se ainda antes de realizarmos o primeiro exame, mas não há tempo para lamentações.
Estávamos (mal) habituados. É esta a conclusão que tiro, agora que Janeiro terminou. Nenhum estudante do Secundário, por mais bem preparado que venha, está à espera de sentir aquela mistura de sensações que vem acoplada aos exames. É extremamente difícil descrevê-la: só quem já passou ou está a passar por isto é capaz de a entender. E, apesar de todas as dificuldades, de toda a frustração, de todo o medo, sobrevivemos.
Chegou, pois, a altura de regressar a casa e descansar, viver aquilo que não vivemos no último mês, pôr os sonos e as amizades em dia. Subimos mais uns degraus, aprendemos a lidar com pressões muito maiores, desilusões e injustiças inesperadas, triunfos sofridos e vitórias sorridentes. Mais do que isso, ganhámos experiência: na próxima época de exames, não seremos mais os caloirinhos acabados de chegar, inocentes e ingénuos. E, ao longo das muitas épocas de exames que ainda nos esperam, continuaremos a lutar, sofrer e aprender. Resta saber quem é que não se vai deixar vencer.
*ex-aluna da ESAA, estudante da Fac. Medicina de Coimbra