Muitos pensavam que a próxima heroína a ter um (merecido) filme a solo seria a Viúva Negra de Scarlett Johansson, mas a DC antecipou-se. Depois de falhanços clamorosos como “Catwoman” (2004) e “Elektra” (2005), “Mulher-Maravilha” (2017) inverteu a tendência e, pela mão da realizadora Patty Jenkins, criou uma “bomba” improvável. Numa DC habituada a críticas duras, este pode muito bem influenciar a narrativa dos próximos anos.
Antes que a oscarizada Brie Larson ocupe as salas como “Captain Marvel” em 2019, do lado do Marvel Cinematic Universe (MCU), a concorrente DC colocou a fasquia lá em cima no que diz respeito a superpoderes no feminino. Com um elenco de luxo, onde além da protagonista israelita Gal Gadot se destacam Robin Wright e David Thewlis, o argumento flui com naturalidade e não fica nada atrás dos melhores filmes de origem dos últimos anos. Ironicamente, talvez tenha beneficiado da péssima qualidade dos filmes recentes da DC.
Desde 2008, e do primeiro “Homem de Ferro”, que os super-heróis invadiram as salas de cinema e os ecrãs de nossas casas – não há como escapar. A aposta dá dinheiro e veio para ficar. O inovador MCU criou uma linha de continuidade entre todos os filmes – individuais e dos Vingadores – e a DC só teve de repetir a fórmula. No entanto, não há como contornar o facto de o primeiro filme com uma protagonista apenas chegar quase 10 anos depois. E, além disso, de se contarem pelos dedos de uma mão as super-heroínas que têm habitado os universos de Marvel e DC.
Sara Quelhas*
*Mestre em Estudos Fílmicos e da Imagem pela Universidade de Coimbra
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