O turismo é uma aposta segura, ainda que arriscada, na região. Entre a ruralidade, o ambiente e a natureza, o património, a gastronomia e tantos outros argumentos que facilmente encontramos entre o Douro e a Serra da Estrela o visitante tem muito por onde escolher.
O turismo não é a panaceia para todos os problemas do interior, como por vezes parecem crer alguns promotores e autarcas, mas a margem de crescimento, o potencial de desenvolvimento e a capacidade de atrair cada vez mais forasteiros é indiscutível.
Há produto e há cada vez mais operadores de excelência na região. Há harmonia e suavidade, beleza agreste e perfume de uma essência única. Há dinâmicas e capacidade de receber com qualidade. Há atitude agressiva em termos comerciais e há uma nova dinâmica promocional. Há um mundo a descobrir no interior profundo: o do turismo em espaço rural – designação nem sempre convenientemente utilizada ou nem sempre corretamente percebida. Mas há, de facto, uma dimensão turística menos conhecida mas que é cada vez mais uma certeza. Está um pouco por toda a região, não se faz de super-estruturas, mas atrai e oferece qualidade, tem requinte e bom serviço, e tem uma vontade férrea de mostrar o melhor que a região tem.
Para lá da crise, muito para além da crise, o turismo em espaço rural é hoje uma porta aberta para os que querem conhecer a terra dos antepassados, para os que querem desfrutar dos melhores produtos que a terra dá, para os que teimam em conviver com a natureza e sentir o sossego do campo. Longe do reboliço da cidade e perto da tranquilidade do campo, os turistas que escolhem estas pequenas unidades de turismo sabem ao que vêm e encontram sempre a alquimia que o turismo de massas não lhes pode dar. Ainda não é um destino de referência, como o vizinho Douro, mas já é uma realidade entusiasmante e viva – o que num interior ostracizado e votado ao abandono não é pouco.
Nesta primavera que desperta, o turismo em espaço rural afirma a sua relevância e «marca pontos em tempo de crise».
Luis Baptista-Martins
