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Ter ou não ter internamento, eis a questão

Novo Centro de Saúde de Gouveia abriu finalmente na última segunda-feira

Depois de quase ano e meio à espera de ser utilizado, o novo Centro de Saúde de Gouveia abriu finalmente ao público na última segunda-feira. Ainda à espera que o edifício seja inaugurado, o presidente da autarquia reclama a valência de internamento no novel equipamento. Já a directora do Centro de Saúde realça que esse tipo de serviço não foi contemplado.

Fátima Lima esclareceu que, «como não tem internamento, não tem que ter cozinha. Não é o contrário». Ou seja, «não temos cozinha porque foi decidido que não havia aqui internamento», acrescentou, reforçando que o Centro de Saúde «não tem internamento», mas antes «camas de SO (Serviço de Observação)», logo «não necessita de ter algumas condicionantes que o internamento exige», caso da cozinha. De resto, a médica frisou que na estrutura, pronta a usar desde Outubro de 2006, «não há “internamentos” de mais de seis horas», elogiando a dedicação dos funcionários que ajudaram a fazer as mudanças do antigo para o novo Centro no último fim-de-semana. Aliás, só esta preciosa contribuição evitou o fecho temporário do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) e das consultas.

Já Álvaro Amaro tem uma versão bem diferente sobre a questão do internamento. O presidente da Câmara de Gouveia recordou as negociações que levou a cabo até que lhe fosse garantido que o novo equipamento iria ter internamento, o que ficou estabelecido no programa inicialmente definido com a tutela. «É o programa que existe e que tem que se cumprir, porque esta magnífica obra e o investimento público dos impostos de todos nós merece que haja uma rentabilização nas políticas de saúde», sustentou. O edil lembrou ainda que o ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, reafirmou em Dezembro que o novo Centro de Saúde de Gouveia, onde trabalham 90 pessoas, iria manter o serviço de internamento. Acredita agora que a sua sucessora, Ana Jorge, também irá «por esse caminho».

Álvaro Amaro considerou também que foi «um “sistema” que impediu que o Centro de Saúde abrisse antes», ironizou «sem apontar o dedo a quem quer que seja». Ainda assim, «mais vale tarde do que nunca», disse, esperando que a ministra marque a inauguração com «a honra, a solenidade e a circunstância que uma unidade absolutamente fantástica reclama e merece». Entretanto, os internamentos na “cidade-jardim” já estão a ser assegurados pela Associação de Beneficência Popular de Gouveia (ABPG).

PCP receia «tentativa de encerramento do SAP»

A concelhia de Gouveia do PCP já reagiu à abertura do novo Centro de Saúde, criticando a decisão do fim do internamento. «As suspeitas de que, nos “bastidores da saúde” se cozinhava algo, confirmaram-se agora com o fim do serviço público de internamento gouveense, que a ARS Centro fez questão de encerrar, entregando a responsabilidade da prestação do mesmo a uma instituição privada», acusam os comunistas. Para o PCP, a situação é «absolutamente lamentável», uma vez que o edifício do novo Centro de Saúde foi projectado para conter 10 camas destinadas a internamento, «ficando agora esse investimento público por aproveitar». Ao invés, defendem, o Ministério da Saúde «preferiu despender de mais recursos financeiros para que uma instituição privada acolha os utentes necessitados de internamento». Aliás, o PCP receia que o sucedido com o serviço de internamento possa também acontecer com o SAP, «logo que o Hospital de Seia esteja em pleno funcionamento».

Ricardo Cordeiro

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