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Tempos perigosos

Mais um atentado. Dias depois de Manchester, agora Londres, na London Bridge e no Borough Market, atingindo londrinos e cidadãos estrangeiros no coração do centro turístico e simbólico da capital britânica. Lamentam-se sete vítimas mortais, incute-se o medo em milhões, e serão muitos mais os que pensarão em atentados quando pensarem visitar Londres, ou Paris, ou qualquer outro lugar de mais notório cosmopolitismo europeu. O Reino Unido está de saída da União Europeia, mas Juncker manda pôr a meia haste todas as bandeiras dos edifícios da Comissão Europeia. Apesar da desunião, isto diz-nos respeito a todos. Apesar da “união” que tanto o país de que Londres é capital como o projeto político europeu trazem nos respetivos nomes.

Trump aproveita para fazer o que gosta: ingerir a partir da sua conta twitter, criticando Sadiq Khan, o Mayor de Londres. Talvez por não gostar de ver um muçulmano à frente da capital britânica. Jeremy Corbyn, em recuperação de eleitorado em vésperas de eleições pede a demissão de Theresa May, que cortara no financiamento às forças policiais britânicas enquanto fora ministra do Interior. Ao mesmo tempo, no Médio Oriente, cinco países aliados – Arábia Saudita, Egipto, Iémen, Emirados Árabes Unidos e Bahrem – cortam relações com o Qatar, simplesmente o país mais rico do mundo, se medida a riqueza per capita. O motivo declarado: apoio ao terrorismo. Quanto a aliados, e depois de Trump ter rompido com o acordo de Paris para as alterações climáticas, a Alemanha vai assumindo, como não sucede talvez desde o fim de Hitler, que os EUA já não são os aliados de sempre. Schultz e Merkel pelo menos nisto estão de acordo: Trump é perigoso. Putin, outro perigo, regozija e irónico “aconselha” a fazer como na conhecida canção de Bobby McFerrin : “Don’t worry, be happy”…

Tudo isto é só um pouco mais do mesmo que tem sido a atualidade do nosso mundo contemporâneo, mas este começa a ser um tempo em que se pressente estarmos cada vez mais no fio da navalha dos valores de paz, democracia e tolerância. De muitos lados, de muitas maneiras, em que o terrorismo é só mais uma, pressente-se a última gota que fará transbordar o copo.

Por: André Barata

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