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Temporal deixa 1,5 milhões de euros de prejuízos na Guarda

Fortes chuvadas da semana passada obrigaram ao fecho de quatro das cinco salas operatórias do Hospital Sousa Martins

A Guarda foi, na madrugada do passado dia 24, um dos distritos mais afectados pelo mau tempo. As fortes chuvadas fizeram mesmo temer o pior, no entanto, só se registaram danos materiais. Apesar de ainda não haver números concretos para os prejuízos, Jorge Granja de Sousa, responsável pelos serviços municipais de Protecção Civil, garante que a dimensão dos estragos «é imensa» e que as previsões apontam para «cerca de 1,5 milhões de euros» de danos materiais.

Muitos foram os pedidos de auxílio efectuados por vários habitantes do concelho nessa madrugada. «Só a Protecção Civil recebeu cerca de 150 chamadas», afirma o responsável, admitindo que os restantes, via 112 e PSP, tenham sido «muitos mais». Uma das situações mais dramáticas aconteceu no Hospital Sousa Martins, onde foi necessário encerrar quatro dos cinco blocos operatórios por causa de várias infiltrações de água. Segundo Fernando Girão, director do hospital guardense, as salas terão ficado «inoperacionais» para efectuar qualquer tipo de intervenção cirúrgica. Por isso, tiveram que ser adiadas «cerca de 20 operações por dia», mas os pacientes prejudicados não voltarão para a lista de espera, pois o serviço vai realizar horas extraordinárias para repor a situação. Entretanto, Fernando Girão admitiu que, «provavelmente», duas das salas em causa poderão reabrir hoje e as restantes «só para a semana». O médico afirma que as infiltrações não provocaram estragos na maquinaria, mas que são necessárias obras de correcção, orçadas em «cerca de 175 mil euros». No entanto, a intervenção de fundo só será efectuada na Primavera, pois «o telhado necessita de ser convencionado».

Também a subida do caudal das águas do rio Mondego gerou momentos de aflição nas populações de várias aldeias do Vale do Mondego. Segundo Jorge Granja de Sousa, houve mesmo «duas pessoas que tiveram de ser evacuadas» em Vila Soeiro. Mas as maiores inundações verificaram-se na praia fluvial de Valhelhas e Aldeia Viçosa, onde as águas subiram cerca de 1,5 metros. Apesar de ainda não haver um valor total dos prejuízos provocados pelo temporal, o responsável da Protecção Civil municipal adianta que só os estragos dos equipamentos na praia fluvial de Aldeia Viçosa, que foi inaugurada no início do último Verão, «rondam os 75 mil euros». Também os equipamentos do parque de campismo e merendas de Valhelhas não escaparam ao mau tempo, tendo-se verificado vários danos materiais, mas «os prejuízos ainda não foram contabilizados», refere. Já em Vila Soeiro uma casa ficou «totalmente destruída» devido à força das águas, pelo que houve «duas pessoas que tiveram de ser evacuadas» do local, conta Granja de Sousa. O mau tempo provocou ainda o corte da estrada municipal que liga a freguesia de Aldeia Viçosa à Rapa, no concelho de Celorico da Beira.

«Não sabemos quando irá reabrir, já que o aluimento de terra provocou um buraco com 17 metros de profundidade, tendo metade da via ficado sem suporte», refere. A autarquia conta abrir um concurso público para o arranjo da estrada, para que «seja reaberta o mais rápido possível». Contudo, os estragos não se ficam por aqui. Registaram-se na região vários aluimentos de terra, cortes de energia eléctrica e telecomunicações, várias árvores caídas e telhados que ficaram sem algumas telhas devido aos fortes ventos. Para Granja de Sousa, as principais causas para os aluimentos ocorridos em Valhelhas e Famalicão foram os incêndios do último Verão. Porém, diz também que a «ausência de limpeza dos recursos hídricos» foi outra causa para algumas destas inundações e estragos. Em Famalicão, algumas culturas foram irremediavelmente perdidas devido à torrente de pedras e terra que desceu encosta abaixo na zona do convento.

Tânia Santos

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