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Tempestade leva 20 por cento da produção vinícola em Pinhel

Estragos comprometem a produção deste e dos próximos anos, segundo o presidente da Adega Cooperativa

Pinhel pode perder cerca de 20 por cento da produção vinícola este ano devido às tempestades que têm atingido o concelho desde maio. A última intempérie, já no final do mês, trouxe chuvas fortes e o granizo caiu em quantidade suficiente para destruir pelo menos 300 hectares de vinha. Segundo o presidente da Adega Cooperativa de Pinhel, «quase todos os produtores foram afetados e a situação irá criar problemas nas videiras durante os próximos anos».

Agostinho Monteiro explica que ainda não é possível saber ao certo a dimensão dos estragos, mas adivinham-se prejuízos «avultados». «Ainda é cedo para quantificar os danos causados de forma objetiva, porque as videiras que ontem pareciam bem podem já não estar no dia seguinte», esclarece. Das poucas contas feitas, sabe-se apenas que a produção deverá contar com «menos 2,5 milhões de uvas». Na Cooperativa já entraram cerca de 700 participações de seguro, um número que espelha bem a quantidade de propriedades que poderá ter ficado afetada. Além disso, o responsável adianta que a maior parte da área corresponde a pequenas parcelas, o que ajuda a explicar que haja mais produtores prejudicados. «Quase toda a gente tem uma vinha em Pinhel e como isto é um processo generalizado afetou quase toda a gente», clarifica ainda Agostinho Monteiro. Ao todos, são 650 produtores prejudicados à conta do último temporal, de 31 de maio. «Isto tem sido atípico, tem havido trovoadas com queda de granizo permanentemente em regiões localizadas», lamenta o responsável.

Durante os últimos tempos, as freguesias de Valbom, Bogalhos, Quinta dos Bernardos, Pereiro e Pinhal têm sido as mais afetadas pelo rigor da intempérie. A avaliação dos estragos está longe de terminar, mas a principal preocupação dos produtores é agora garantir a qualidade das uvas para a próxima vindima. Agostinho Monteiro explica que o passo seguinte será «separar o que está machucado daquilo que ainda se pode aproveitar». «A nossa principal preocupação é organizar a vindima de forma a manter a qualidade dos vinhos», garante o responsável. Ajudar numa possível reparação de videiras danificadas é também um dos objetivos da Cooperativa, que neste momento se vê a braços com diversas solicitações. «Os produtores têm prejuízo e nós também porque haverá mais custos para encontrar soluções de modo a manter a qualidade do nosso vinho», refere o presidente.

Para o Ministério da Agricultura tomar conhecimento do sucedido, a Cooperativa já informou o Governo Civil da Guarda. Na opinião de Agostinho Monteiro, deveria «haver mais apoios», uma vez que «não há prejuízos apenas na produção, mas também na exploração». «Há videiras que ficaram muito danificadas e vamos ter de aguardar a sua recuperação durante os próximos tempos», adianta. Além de apoios aos produtores, o responsável reclama também auxílio para as cooperativas: «É altura de olhar para estas associações vendo a sua função social e económica, porque somos uma entidade comercial, com uma estrutura orgânica, que depende sempre daquilo que os agricultores produzem», esclarece. Pelo caminho, o temporal das últimas semanas destruiu ainda olivais e outras explorações hortícolas na zona de Pinhel. «Nós temos seguro, mas os agricultores que trabalham com a oliveira não», lembra Agostinho Monteiro.

Catarina Pinto Granizo e chuvas fortes provocaram estragos em quase todas as explorações

Tempestade leva 20 por cento da produção
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