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«Temos visitantes de todo o mundo»

Cara a Cara – António dos Santos Pereira

P – Como encarou o convite para suceder a Elisa Pinheiro na direção do Museu de Lanifícios?

R – No final do último ano letivo, o reitor fez-me o convite e, tendo em conta a própria estratégia que tinha desenhado, não pude recusar. Embora tenha tido preocupação pelos meus múltiplos afazeres, pois sou investigador, historiador, presidente do departamento de Letras, diretor de um curso de doutoramento e tenho uma carga letiva substancial, mesmo assim, o reitor disse que mantinha o convite, até porque pretendia ter um professor de topo de carreira a dirigir o Museu e, portanto, não pude recusar.

P – Tem novos projetos para implementar no Museu?

R – Para já, não tenho um projeto magnífico como a “Rota da Lã” que a professora Elisa Pinheiro desenvolveu nos últimos anos. Mas como estudei profundamente todas as atividades produtivas do país e, não esquecendo que é um Museu de Lanifícios, quase que estaria tentado a ir um pouco mais além e abordar os ciclos produtivos do linho e da seda, cuja expressão foi extraordinária na Beira. Tenho alguma pena que o museu não tenha inserido essa versão. Outro projeto é concretizar uma ideia que já tenho nas Letras, que é uma revista digital e com alguma novidade até no parâmetro nacional. Já temos a UBI Letras e estou a fazer tudo para que, em maio, possamos ter a primeira edição da revista do museu, a “UBI Museum”. Temos uma candidatura a um prémio europeu de museus que ainda foi liderada pela professora Elisa e os resultados vão ser conhecidos nessa altura. Gostaríamos também que este museu temático agregasse mais elementos da natureza.

P – Qual tem sido a média de visitantes nos últimos anos?

R- Temos tido entre seis a sete mil visitantes por ano. Um museu temático como este numa grande cidade teria uns 30 mil por certo. Nós, por estarmos no interior e formarmos uma “grande cidade” entre Castelo Branco e a Guarda, podemos vir a duplicar os ingressos e chegar às 15 mil pessoas. A nossa meta é ter um pouco mais de mil visitantes por mês.

P – Esses visitantes são oriundos principalmente da Beira Interior ou vêm de outras zonas?

R – Respondi há dias a um email vindo da Universidade Nova de Lisboa a pedir para recebermos 60 alunos da licenciatura em História. Passados poucos dias recebi outro a pedir acompanhamento e suporte para mais uma visita de um grupo de alunos e respetivos professores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, da licenciatura em Turismo. São dois exemplos que ilustram que recebemos visitantes de várias regiões e de diversas áreas. Diria até que temos visitantes de todo o mundo. A história mostra-nos também que as comunidades judaicas na região eram imensas e daí que os judeus também demonstrem algum interesse em visitar o museu. Temos também a ideia de utilizar o chinês nas nossas informações.

P – A auto-sustentabilidade do museu é um objetivo a médio prazo?

R – Não há sobrevivência da sociedade se não conseguirmos que as finanças sejam uma emanação da economia e esta uma consequência das finanças. Creio que a Covilhã tem todo o interesse em ter este museu para testemunhar uma realidade que tem futuro, do mesmo modo que é importante que a genealogia de empresários covilhanenses da geração que hoje é viva perceba que tem responsabilidades de regenerar o tecido produtivo covilhanense. O país não tem futuro se não tiver produção.

António dos Santos Pereira

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