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«Temos que criar alternativas para fixar as pessoas no interior»

Cara a Cara – André Pesqueira

P – Como nasceu o projeto “Aldeia Douro”?

R – Posso dizer que foi de um sonho de adolescentes. De três amigos com amor à terra que sempre quiseram desenvolver a região, sabendo das capacidades da mesma. Chegámos à idade em que pensámos que seria a altura certa. Depois de formados e já no mercado de trabalho, decidimos que seria altura ideal para começar a desenvolver um projeto próprio. Começámos em outubro de 2012. O meu contrato de trabalho acabou em setembro e decidi que não iria procurar mais emprego, mas sim começar o “nosso” projeto.

P – A equipa é constituída por profissionais da área?

R – Somos três jovens: eu, o Marcelo Branco e o Ricardo Pesqueira, com três áreas de formação distintas. Eu sou licenciado em Marketing, o Marcelo tem formação em Cozinha e o Ricardo em Ciências da Comunicação. Penso que as nossas áreas se complementam, visto que o projeto “Aldeia Douro” assenta no desenvolvimento turístico da região com grande destaque para a gastronomia. E assim, com muita vontade, conseguimos construir uma boa equipa de trabalho.

P – O que pretende com este projeto?

R – O projeto consiste em mostrar e potenciar a região do Douro Superior e Vale do Côa, mais concretamente o concelho de Vila Nova de Foz Côa e as suas gentes, as suas tradições, os seus costumes, os seus produtos, marcas e a sua magnífica beleza natural. Tudo isto através de experiências gastronómicas, culturais, desportivas, recreativas, etc., praticadas num ambiente familiar e tradicional, proporcionadas por diferentes tipos de atividades personalizadas. Um dos objetivos é criar uma plataforma que crie sinergias com todos os agentes locais para mostrar tudo o que a região tem de bom. Os serviços da “Aldeia Douro” passam pela degustação de sabores, workshops de cozinha e as experiências: é nesta secção que proporcionamos a maior parte das atividades de lazer personalizadas, onde temos vários meios para mostrar a região, como as caminhadas, os passeios de jipe e muito, muito mais. Temos também o serviço de criar vídeos promocionais para agentes locais que queiram divulgar os seus produtos.

P – Que apoio tem?

R – No meu ponto de vista, o maior apoio que se pode ter é da família e dos amigos. E é isso que tem vindo a acontecer. Temos amigos fantásticos que têm sido uma grande ajuda para com tudo. Referimos também a Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, que até ao momento nos tem ajudado com situações práticas para que o projeto se desenvolva. A nível financeiro, não temos qualquer tipo de apoio.

P – Quem pode beneficiar deste projeto?

R – Todos, nós e a região. Nós queremos tentar dar dimensão à nossa terra. Portanto, todos beneficiam se estiverem na nossa linha de pensamento. E quem tiver interesse para eventuais parcerias, para que assim possamos trabalhar em conjunto e melhorar a qualidade dos serviços turísticos desta zona e logo, a qualidade de vida de quem aqui habita.

P – Já começou algum projeto do programa?

R – Sim, já começamos a trabalhar nesse sentido. Estamos principalmente com trabalho na parte da degustação de sabores, onde realizamos vários trabalhos para o nosso cliente como para com os nossos parceiros.

P – Na sua opinião, o que falta na região?

R – Pessoas. Sem pessoas não há mercado. Portanto, temos que tentar inverter esta situação e tentar criar alternativas para conseguirmos fixar os jovens no interior. A maior falha são os incentivos que não são dados para que os jovens pensem em fixar-se na região e então a maior parte vai-se embora… Deveria haver uma maior preocupação das entidades públicas para este aspeto. Verem efetivamente aquilo que faz falta em cada município e dar oportunidade aos jovens para desenvolverem projetos em prol da região, dando apoio logístico e uma ajuda para que as questões burocráticas sejam facilitadas, por exemplo.

P – Ao longo dos últimos anos foram investidos largos milhões de euros no Douro e Vale do Côa, na sua opinião serviu de alguma coisa?

R – Todos os investimentos servem de alguma coisa. Nem que seja para o bem dos bolsos de alguns, mas mesmo sendo esse o caso, desde que sejam geridos de forma eficaz são sempre uma mais-valia. Conheço investimentos que foram feitos que são um sucesso e que beneficiaram muito a região. Conheço outros, que por mais que beneficiem a região, por não serem bem geridos ou por as entidades certas não lhe darem o devido apoio, infelizmente, acabam por ser um fracasso.

P – O que tem programado para os próximos meses?

R – Nos próximos meses a “Aldeia Douro” vai finalmente apresentar a sua plataforma on-line. Estamos a trabalhar na construção do site onde vamos ter finalmente todos os nossos produtos e serviços disponíveis. Estamos também a tratar do nosso espaço físico oficialmente. Esperamos conseguir isso a curto prazo. A par disto, vamos continuar o trabalho que temos tido. Estamos a ir devagar, mas tudo dentro do planeado, o que penso que é bastante importante.

André Pesqueira

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