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Telecabine é a solução para acabar com caos automóvel no acesso à Torre

Turistrela apresentou ao secretário de Estado do Turismo o anteprojecto do equipamento teleférico que custará cerca de 15 milhões de euros

A empresa concessionária de turismo na Serra da Estrela, a Turistrela, pretende construir em breve uma telecabine de ligação à Torre para resolver os problemas de acesso ao ponto mais alto de Portugal nos meses de Inverno. O objectivo é evitar situações caóticas, como aquela que aconteceu há pouco mais de um mês quando vários turistas ficaram bloqueados na estrada por causa dos fortes nevões.

O anteprojecto para a construção do equipamento, capaz de transportar cerca de quatro mil pessoas por hora, rondará os 15 milhões de euros e foi apresentado na última sexta-feira ao secretário de Estado do Turismo, Luís Correia da Silva, que esteve presente na região a convite da Câmara da Covilhã para inaugurar a renovada estância de esqui e conhecer melhor os projectos previstos para a Serra. Depois das obras de requalificação da estância de esqui, a construção do sistema de transporte mecânico, à semelhança do existente no Parque das Nações em Lisboa, assume-se como o projecto «mais importante» para a Turistrela, diz o administrador Artur Costa Pais, uma vez que irá «resolver definitivamente aquela má imagem de acesso à Torre». Para além disso, esta será uma forma de «ampliar a zona esquiável» para algumas estradas nos pontos mais altos em que a neve é mais abundante, bem como acabar com o lixo deixado pelos turistas ao longo do maciço central, assegura o administrador da empresa turística. A ideia é construir uma telecabine ou teleférico de dois cabos com 20 metros de altura, que partirá em direcção à Torre a partir de Piornos, Alvoco da Serra e Lagoa Comprida.

O equipamento estará projectado para suportar velocidades de vento superiores a 100 quilómetros por hora. Para Artur Costa Pais, o investimento tem «toda a viabilidade técnica e económica», comprovando com as afirmações de dois técnicos da empresa italiana Leitner, uma das especialistas neste tipo de transporte por cabo. Daí que rejeite a ideia deste investimento ser mais um “elefante branco” para a Serra da Estrela, tal como aconteceu com a estrutura iniciada no final dos anos 50 nos Piornos, junto ao Centro de Limpeza de Neve. Já nessa altura pretendia-se construir um teleférico de ligação à Torre com um projecto da autoria do engenheiro austríaco Helmut Senn, mas as obras foram abandonadas por falta de verbas e, de acordo com alguns, de viabilidade técnica. «O antigo teleférico não avançou por falta de dinheiro. Que fique claro que os destinos de montanha, muito mais difíceis lá fora, têm este tipo de equipamentos», acrescenta Artur Costa Pais, rejeitando ainda a possibilidade de se deslocarem os turistas até ao ponto mais alto de Portugal através de transportes públicos. «Os destinos de montanha com características semelhantes à Serra da Estrela não funcionam através de autocarro ou mini bus, mas com meios mecânicos de transporte por cabo ou até por um funicular», sublinhou.

Além disso, este investimento poderia ser suportado de «várias formas», como um financiamento a longo prazo, idêntico ao que se fez na A23, cujo pagamento seria indexado à facturação da utilização da telecabine, o que Artur Costa Pais estima em 15 anos face ao grande fluxo de turistas no Inverno, que ronda uma média de 15 a 20 mil visitantes no fim-de-semana. Elementos que parecem não ter impressionado Luís Correia da Silva, que apenas deixou a garantia de que a secretaria de Estado do Turismo irá estudar o assunto, tal como os outros projectos apresentados pela Turistrela, entre os quais está a construção de um hotel de quatro estrelas na estância de esqui com capacidade para 18 quartos duplos, duas suites e um restaurante panorâmico.

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