Terminam amanhã as filmagens do “Teatro Virtual”, peça produzida “on-line” pela Asta – Associação de Teatro e Outras Artes, com a colaboração de 134 cibernautas dos quatro cantos do mundo. Algumas das imagens do filme, que aborda o teatro num mundo dominado pelas novas tecnologias, serão apresentadas oficialmente a 4 de Maio, mas os mais curiosos podem aceder às primeiras no site www.teatrovirtual.net, “on-line” desde o Dia Mundial do Teatro.
O filme, ou “peça virtual”, é o resultado das 10.870 mensagens trocadas no “chat” e está dividido em oito cenas que abordam temas como “(Teatro) Virtual”, “Textos e Linguagens”, “Internet como Televisão”, “Se não houvesse telemóveis”, “Humanismo das Tecnologias”, “Arte na Televisão”, “Novas Gerações” e “Futuros”. «O projecto está a correr bem e está a ser bastante produtivo», refere António Abernú, director da Asta, que confessa estar «bastante satisfeito» com o resultado do trabalho. «A ideia inicial era que isto fosse uma peça ensaiada e filmada num estúdio. Mas as sugestões dos participantes permitiram evoluir para outros caminhos, havendo assim cenários reais», explica. A Serra da Estrela, os gabinetes da Universidade da Beira Interior ou o Teatro Garcia de Resende, em Évora, foram alguns dos espaços escolhidos para as filmagens. Além destes, houve ainda filmagens no CyberCentro da Covilhã, na sede da Asta, na Assec, em comboios e em casas particulares.
Em todas elas há uma ideia base que se mantém: «A manipulação que o Homem exerce sob os seus semelhantes através da tecnologia. “Teatro Virtual” é composto por várias histórias e personagens que se cruzam na vida real, em espaços virtuais ou pelo telemóvel. Há sempre um ponto de tecnologia que as liga», refere António Abernú. As mensagens que se estendem pelas oito cenas, extraídas de uma crónica de Fernando Lanhas e de textos de Jacinto Lucas Pires, são também um elemento essencial da peça. «São ideias deixadas em aberto. É uma manipulação do pensamento para que o espectador pense no que vê e tire as suas próprias conclusões». Mas este não é um filme contra a tecnologia. «A tecnologia não é má. O Homem é que a pode utilizar mal», salienta. O filme deverá ser apresentado publicamente a 10 de Maio e será colocado “on-line” para que todos possam ver. Além disso, a Asta conta ainda apresentá-lo em sessões públicas, lançar um CD-ROM em português e inglês com a explicação do processo de criação e lançar um livro da peça. Em projecto está também a representação do “Teatro Virtual” num palco.
