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Teatro das Beiras estreia “A História de Jason”

Nova produção sobre a banda do Titanic vai manter-se em cena até 20 de Março

Baseado no romance “Concerto no fim da viagem”, de Erik Fosner Hansen, o Teatro das Beiras leva amanhã ao palco a “História de Jason”. Um espectáculo da autoria e encenação de Nuno Pino Custódio e que vai manter-se em cena até 20 de Março para contar em mais de uma hora e meia a história de Jason Coward e da banda que tocava no “Titanic”.

Jason Coward é uma personagem fictícia criada propositadamente para substituir Henry Hartley Wallace, maestro da orquestra do “navio dos sonhos” que tragicamente se afundou em 1912 após chocar com um iceberg. Alexandre Barata, Carlos Calvo, Mónica Gomes, Rogério Bruno e Rui M. Silva são os cinco músicos encarregues de animar os passageiros do navio até ao seu último fôlego com reportório da época, como as valsas ou as músicas de salão. “A História de Jason” não é a reprodução fiel do “Concerto no Fim da Viagem”, é antes uma «adaptação e reescrita de um capítulo do romance» que, mais do que a história de Jason e da banda, pretende abordar o lado humano da vida, conta Nuno Pino Custódio. Um tema que o tem sempre fascinado teatralmente: «Não é só de um barco que falamos, mas de uma época», acrescenta, pois o barco considerado insubmergível, que nem Deus conseguiria afundar, desapareceu na viagem inaugural. «Isto quase nos remete para o tema do destino, da fatalidade, onde faça o que se fizer, todos os pontos vão convergir para aquele ponto», refere o autor e encenador.

Mas este espectáculo é mais do que o retrato de uma época. É uma história sobre o «humano», onde se cruzam sentimentos de amizade e de sobrevivência. «É amargo e doce como a vida. Há momentos mais engraçados, de festa, e momentos de tragédia. E isto é a vida», justifica Nuno Pino Custódio, para quem a particularidade deste espectáculo reside no facto das personagens «mimarem os instrumentos musicais, reproduzindo as suas vozes», pelo que cada actor irá tocar a parte do tema que lhe cabe. O violoncelista toca apenas a melodia do violoncelo. O contrabaixista a mesma coisa. E por aí adiante. «É um trabalho dificílimo», considera o encenador. E como estes cinco actores não são músicos, a construção da peça obrigou a um trabalho «muito profundo» com Hélder Gonçalves, músico de Castelo Branco, que já tinha trabalhado com o Teatro das Beiras em “Mahagonny SongSpiel”. «É um trabalho muito difícil do ponto de vista do actor, mas cujo resultado vale, só por si, a pena de ser visto», sugere o encenador. Desde 1988 que Nuno Pino Custódio faz teatro, mas a partir de 1990 tem-se dedicado quase em exclusivo à encenação e ao teatro de máscara. Fundou o teatro experimental “A Barca”, trabalhou com Filipe Crawford na Casa da Comédia, com a Companhia do Chapitô e o Citac. No Teatro das Beiras, encenou no ano passado “Snow, Snow, Snow”.

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