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Teatro-Cine da Covilhã comemora 50 anos ao «serviço da cultura»

Câmara programou conjunto de actividades para assinalar a data

O Teatro-Cine da Covilhã vai “respirar” cultura durante os meses de Maio e Junho, com música, teatro de revista, cinema, “stand up comedy”, bailados e exposições. O objectivo é assinalar os 50 anos daquele edifício que desde 31 de Maio de 1954 esteve ao «serviço da cultura e do concelho», relembra a vereadora da cultura, Maria do Rosário Pinto Rocha, já que foi graças àquela estrutura que o interior do país pôde assistir a espectáculos e eventos que, na altura, apenas passavam na capital.

O destaque da programação vai para a “sétima arte”, a principal função do Teatro-Cine. Assim, para além da programação habitual de cinema independente e comercial, o edifício acolherá entre 28 de Maio e 5 de Junho o “Festival de Cinema da Covilhã”, nova designação do “Festival de Cinema Europeu” organizado pela Inatel há 15 anos. O festival, que, desde 1989, se dedica a promover as melhores cinematografias produzidas no velho continente, estende-se este ano a Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Sertã e Fundão, assumindo um novo formato. Desta forma, para além da exibição de longas e curtas-metragens, o festival englobará uma secção de competição nacional para «promover o cinema português», realça Luís Cassapo, coordenador cultural do Inatel. Apesar de ainda não estar definido, estarão em competição cerca de oito a 10 curtas-metragens e entre oito e 12 longa-metragens. A rubrica “A Escola vai ao Cinema”, destinada aos mais jovens e a realização de dois “workshops” para um público com idades entre os 18 e os 27 anos vão manter-se, sendo certo que as acções de formação serão realizadas entre 10 e 20 deste mês na Universidade da Beira Interior (UBI) sob a orientação do realizador José Nascimento, que acompanhará a realização de uma curta-metragem.

Mas outras iniciativas preencherão a grelha cultural da sala nobre de espectáculos da “cidade neve” para «mostrar uma casa activa ao nível das melhores nacionais», salienta a vereadora da cultura. É o caso do espectáculo de “stand up comedy” a realizar esta sexta-feira. Com “Lado B”, o comediante Pedro Tochas vai pôr a nu comportamentos e reacções habituais na sociedade, ao mesmo tempo que aborda a sua vida académica, as vivências como artista de rua e as experiências obtidas ao longo dos anos. No sábado, é a vez do Ballet Estatal da Academia de Arte da Rússia subir ao palco com “Copélia”, estando ainda programado para dia 19, o concerto de encerramento do primeiro estágio de Orquestra da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI) e Escola Profissional de Artes de Mirandela (ESPROARTE). A 22, sobe ao palco do Teatro-Cine da Covilhã o teatro de revista “Quimera” pela Companhia de Teatro de Montes da Senhora. Dia 27, é a vez de Fernando Rocha animar os covilhanenses num espectáculo de “stand up comedy”.

Na comemoração dos 50 anos do imóvel cultural, a autarquia covilhanense arrisca ainda a realização de vários “café-concerto” na última semana deste mês. A ideia é proporcionar música ambiente antes dos espectáculos, dando assim vida àquele edifício histórico. Maria do Rosário Rocha quer mesmo implementar os “café-concerto” no Teatro-Cine como «um hábito», já «no próximo Inverno», com o intuito de atrair os jovens universitários. As exposições também voltam a marcar presença no TC que acolhe até segunda-feira a mostra de trabalhos do concurso de expressão plástica das escolas do 1º ciclo do ensino básico e jardins-de-infância do distrito de Castelo Branco. Outra exposição começa na próxima segunda-feira, prolongando-se até dia 23, dedicada a trabalhos em fósforo de diversos edifícios emblemáticos da cidade, da autoria de José Almeida Fernandes. Entre dia 24 e 6 de Junho, tem lugar uma exposição de pintura de Cila Rodrigues. Por último, o gaiteiro galego Carlos Nuñes, considerado como um dos melhores no mundo, pisa o palco a 9 de Junho.

A história do edifício

Com um traçado originário do século XIX, o Teatro-Cine da Covilhã foi inaugurado em 31 de Maio de 1954 com um espectáculo da Companhia Amélia Rey Colaço – Robles Monteiro, por iniciativa de João Ferreira Bicho. Encerrou em meados dos anos 80, reabrindo em Outubro de 1992 através de um contrato de utilização que a Câmara vem mantendo desde então. Em Abril de 2001, o Teatro-Cine ganhou um novo fôlego, graças a um protocolo assinado entre a Câmara e o Cine Clube da Beira Interior (CCBI). Acordo que permitiu a utilização diária daquele espaço com todo o tipo de espectáculos culturais, principalmente actividades dedicadas à “sétima arte”, permitindo assim a exibição cinematográfica depois de mais de 20 anos de paragem. Em 2003, e depois da rescisão do protocolo, a Câmara reassumiu a programação directa do espaço, tendo por lá passado, desde Fevereiro último, cerca de 15 mil espectadores. Números que, de acordo com Maria do Rosário Rocha, são «a prova» de que a Câmara está «a fazer uma boa programação cultural», acrescentando ainda que «há muitas capitais de distrito que não têm a actividade cultural da Covilhã».

Liliana Correia

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