A fronteiriça e monumental Ciudad Rodrigo é desde terça-feira o cenário da sexta edição da Feira de Teatro de Castilla y León. Este não é um festival como os outros, sendo antes de mais um importante ponto de encontro de programadores culturais de Espanha e uma autêntica bolsa do teatro, durante a qual se definem uma boa parte das agendas de autarquias, salas, fundações e outros organismos culturais. Mas nem só de programadores vive a feira, o seu êxito resulta também dos milhares de espectadores que reservam uma das últimas semanas de Agosto para descobrir as novidades do palco. Surpresa das surpresas, o mágico Luís de Matos é o único representante português nesta edição da Feira de Teatro de Castilla y León – Ciudad Rodrigo com a sua última produção “Close Up” [que já passou pela Guarda], em cena no Teatro Nuevo esta sexta-feira. Mas até sábado há outros motivos para dar um salto até à cidade vizinha, já que ainda há a possibilidade de ver 23 dos 34 espectáculos calendarizados [haja disponibilidade]. Da dança contemporânea, à “commedia del’Arte”, passando pela magia, música, sessões de contos, exposições e muito teatro, nas suas versões mais variadas, a Feira oferece uma programação intensa e multifacetada, estando previstos seis e sete espectáculos ao longo do dia, das 10 da manhã à meia-noite. Alguns monumentos, praças, jardins, edifícios históricos e o incontornável Teatro Nuevo são os palcos das produções, doze das quais são estreias absolutas. Locais emblemáticos como o Passeio de Fernando Arrabal, Praça del Buen Alcalde, Palácio del Conde de Montarco, Parque de la Florida, Palácio de los Águila, Claustros da Catedral, Pátio de los Sítios (Paraninfo), Praça de Herrasti, Praça de San Salvador e a Sala Nobre da Caja Duero acolhem produções de companhias de Castilla e León (11 das 29 seleccionadas), Argentina (Scoch), Portugal (Luís de Matos) e das restantes comunidades autonómicas de Espanha.
O resultado é uma mostra diversificada da actual cena teatral espanhola, com os últimos trabalhos de grupos como “Coproducción” (Valência), Laboratorio William Layton, “Zascandil” (ambas de Madrid), “Porducciones Imperdibles” (Andaluzia), “Porducciones Nun Tris” (Astúrias), “Loco Brusca” e “Desastrosus Cirkus” (Catalunha), “Hortzmunga” (País Basco) e “Teatro el Cruce” (Castilla La Mancha). À margem desta programação específica decorre a tradicional actividade “Divierteatro”, local de aprendizagem e descoberta do teatro para crianças e jovens. Obviamente que esta proposta já tem lotação esgotada, tal qual o atelier de expressão dramática do encenador irlandês Denis Rafter, há muito radicado em Espanha, dedicado aos mitos e lendas celtas. De resto, a Feira apresenta ainda uma exposição de máscaras, intitulada “Otras caras”, que evoca os 20 anos da companhia Teatro La Quimera, no Palácio de los Águila até 29 de Agosto. Finalmente, o festival completa-se com o lançamento do CD “El Suéter de Claudia”, de Germán Díaz, um músico da nova geração espanhola, esta sexta à noite nos claustros da Catedral. Trata-se de um trabalho contemporâneo em torno da sanfona e da música tradicional castelhana, que contou com a colaboração do contrabaixista e produtor Baldo Martinez [que já tocou no Ciclo de Jazz da Guarda], Pablo Pascual (clarinete), Wafir Sheik (alaúde e percussão), David Herrington (trompete e tuba), Nirankar Khalsa (percussão) [outro músico que participou no mesmo ciclo guardense], para além de Germán Díaz (sanfona e voz). Os interessados podem adquirir bilhetes em locais devidamente assinalados em Ciudad Rodrigo, como o Teatro Nuevo ou o Posto de Turismo. A Feira de Teatro é promovida pela Junta de Castilla y León, em colaboração com a Fundação Duques de Soria, Junta de Extremadura, Ayuntamiento de Ciudad Rodrigo e a Associação de Autores de Teatro, entre outros.
Luís Martins
