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tábua de marés

“A Memória das Coisas: Objectos e afectos – 16”

Organização: CMG/NAC

Coordenação: Américo Rodrigues

Local da exposição: Galeria do Paço da Cultura da Guarda

Datas: entre 29 de Setembro e 11 de Novembro

Horário: Segunda a Sábado entre as 14h00 e as 20h00, com entrada livre.

Esta exposição temática fecha um ciclo de 16, com início há precisamente 10 anos. Desde a primeira mostra do conjunto, o conceito original manteve-se: recolher e apresentar objectos, imagens, textos evocativos, materiais, testemunhos, reconstituições, instalações, evocativos do património, das tradições, das instituições, das personalidades, dos acontecimentos e das actividades com maior significado na vida da cidade e do concelho. Não esquecendo, evidentemente, o tratamento autónomo dado às diferentes freguesias. Tratou-se, em síntese, da recriação de universos representativos da memória local mais recente e determinante. Nesta mostra, destaco a variedade e a multiplicidade de objectos expostos, ao longo de quatro salas. Em algumas das 25 freguesias, a escolha recaiu sobre uma actividade económica com algum impacto (Meios, Maçainhas, Porto da Carne, Trinta). Noutras privilegiou-se o património (Valhelhas, Codeceiro, Sobral da Serra), noutras uma personalidade com significado local (Rochoso), noutras os utensílios de produção artesanal (João Antão, Pêra do Moço, Santana d’Azinha, Videmonte e Pêro Soares), ou de tradições diversas (casos da Ramela e Vale de Estrela), noutras a actividade agrícola (Marmeleiro, Rocamondo, Monte Margarida, noutras as obras de arte sacra ou popular (Codeceiro, Mizarela), noutras os objectos ligados ao culto (Panoias, Pega, Ribeira dos Carinhos, Rochoso, Seixo Amarelo, Vela), noutras ainda as tradições culturais (Pousade e Ramela). Os meus destaques vão para o fole, a bigorna e a tesoura de tosquia de João Antão, o conjunto de utensílios de tratamento e fiação manual da lã dos Meios, as vassouras de bracejo de Monte Margarida, os figurinos utilizados no Drama da Paixão, em Pousade, o moinho de pedra de São Miguel, a máquina das hóstias do Seixo, o prato medieval de Nuremburga (Valhelhas), os utensílios para o fabrico do queijo, de Videmonte, as facas do Verdugal e, claro está, os quadros da Maria Barraca.

“A Festa”

Criação colectiva, a partir de texto de Filipe H. Fonseca, Nelson Guerreiro e Tiago Rodrigues.

Interpretação: Cátia Pinheiro, Cláudia Gaiolas, Joaquim Horta, Marcello Urgeghe, Rita Blanco, Tiago Rodrigues e Tónan Quito

Produção: Mundo Perfeito e Teatro Maria Matos

Grande Auditório do TMG, 20 de Setembro de 2008, às 21h30

O espectáculo faz parte do “Festival de Teatro Acto Seguinte”, que decorre nos meses de Setembro e Outubro, no TMG. É a primeira produção – em regime de work in progress – originada a partir do projecto “Estúdios”. Neste caso, um conjunto de três workshops orientados por vários criadores, entre os quais João Canijo e o coreógrafo zairense Faustin Linyekula, a cuja notável criação “The dialog series: iii. dinozard” pude assistir no último “Alkantara Festival”. O projecto resulta de uma colaboração entre a estrutura teatral “Mundo Perfeito” e o Teatro Maria Matos, com a participação do “Nature Theatre of Oklahoma”. A propósito da metodologia usada nas sessões, diz-se na apresentação que “a equipa artística deste espectáculo explorou diversos processos de trabalho e desenvolveu vários fragmentos de uma obra teatral dedicada ao tema da festa”. Precisamente, a festa é um conceito essencial, um cenário utilizado pela dramaturgia ao longo dos tempos. Será que actualmente poderá ainda o teatro celebrar a festa? E que tipo de festa? Tudo depende da quantidade e da razão de ser da areia nos mexilhões. Passo a explicar. Em cena estão sete convivas no que se supõe ser um réveillon. Após um jantar que se crê pacífico, uma observação acerca da existência de areia nas amêijoas despoleta uma espiral de agressão e meias verdades, cujo desfecho se torna imprevisível. Progressivamente, os vários personagens vão-se desconstruindo, revelando traços de personalidade desconcertantes. Em vez da aguardada festa, instala-se o sarcasmo, o abandono das convenções, a perturbação por aquilo que não se diz e por aquilo que se diz mas não se julgava importante. Nem o álcool consegue amenizar o autismo que se instala. Tudo termina numa espécie de coreografia, onde cada um já só consegue repetir-se a si próprio. Um encontro verdadeiro como este passa por várias metamorfoses. Algumas de uma crueldade suprema. Recorde-se o notável filme homónimo de Thomas Vintenberg.

“Cortegaça”

Fotografias de Sérgio Gamelas

Café Concerto do TMG, entre 7 e 26 de Outubro.

N’ A Parede do C.C. pode ver-se um conjunto de fotografias deste arquitecto que já viveu na Guarda e agora reside e trabalha em Aveiro. O título advém do tema elegido, ou seja, a praia com o mesmo nome. O conjunto é apresentado como um portefólio, uma narrativa visual, que privilegia a textura e as variações subtis de tonalidades. Onde uma aparente uniformidade da paisagem é desmentida, após um olhar atento. Triunfando então o pormenor, mesmo que insólito e desolado.

Por: António Godinho

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