Suzanne Vega, Carlos do Carmo, os Wraygun, Luís Represas ou a Companhia Nacional de Bailado são alguns dos destaques da programação do Teatro Municipal da Guarda (TMG) para os próximos quatro meses. Há também nomes menos conhecidos do grande público, mas de relevo internacional, como o percussionista indiano Trilok Gurku, o vanguardista Charlemagne Palestine ou a Modifeid Toy Orchestra. Para Américo Rodrigues, director do TMG, esta «talvez seja das melhores programações que já fizemos».
À beira de comemorar três anos de actividade, a principal sala da Beira Interior continua sem apoios do Ministério da Cultura, mas nem por isso deixa de rivalizar com os palcos do litoral. «Esta programação é equilibrada, diversificada e cosmopolita. Graças a TMG, a Guarda deixou de ser vista como uma cidadezita do interior, onde nada de relevante acontece», garantiu, admitindo também o contributo do complexo cultural na afirmação dos criadores locais. «Estamos a promover a divulgação e o desenvolvimento da cidade, além de prestarmos um serviço público que o Ministério da Cultura tem ignorado totalmente», criticou o responsável. A queixa já não é de agora, mas Américo Rodrigues considera «uma injustiça» a falta de apoios à programação e funcionamento por parte da tutela. «Espero que o senhor ministro se inteire rapidamente desta realidade e acabe de vez com a situação, até porque temos apoios da Junta de Castela e Leão [Espanha]», disse.
Tributo ao sr. Igreja
Até agora, o principal financiador do TMG é a Câmara da Guarda, havendo ainda alguns apoios mecenáticos. «Só falta mesmo o contributo do Ministério da Cultura», lamentou. Polémica à parte, entre Abril e Julho estão agendadas 75 iniciativas de música, teatro, artes plásticas, ópera, bailado e, pela primeira vez, um concurso nacional de piano. Dessas, três são espectáculos únicos em Portugal e outros tantos são estreias nacionais. O mês de Abril começa com os portugueses Wraygun (dia 10) e A Naifa (dia 11), seguindo-se Trilok Gurku (dia 12), considerado o maior percussionista do mundo. A 18 actua Charlemagne Palestine, «artista total» e pioneiro das vanguardas, na senda de John Cage. Neste concerto vai apresentar um tema dedicado à Guarda. A 25 de Abril, dia de aniversário do TMG, será Carlos do Carmo quem sobe ao palco. Em Maio há marionetas tradicionais da Índia, pela companhia Khairati Bhatt, Luís Represas, os Micro Áudio Waves e a estreia – adiada desde Novembro por motivos de saúde de um dos protagonistas – da peça “Eu queria encontrar aqui ainda a terra”, do Projéc~.
O mês termina com a ópera “O Trovador”, de Verdi, pela Orquestra do Norte, e com a inauguração de uma exposição de arte contemporânea de Júlio Mechiavilla, em colaboração com a Junta de Castela e Leão. Para Junho está agendado o regresso do festival “Ó da Guarda”, onde sobressai a actuação dos Modified Toy Orchestra, que tocam instrumentos de brincar. No campo do teatro os destaques vão para uma co-produção do Teatro das Beiras e Quarta Parede, dois grupos da Covilhã, e a nova proposta do Projéc~. Trata-se de uma peça inédita de Manuel Poppe, escrita propositadamente para estrutura de produção do TMG. Nesse mês assinala-se ainda o regresso da Companhia Nacional de Bailado à cidade. Em Julho há mais uma edição do Festival Internacional de Guitarra e o concerto de Suzanne Vega (dia 9), um dos dois agendados em Portugal para lançar o seu novo álbum “Beauty and Crime”.
O TMG vai ainda homenagear o senhor Igreja, dono da “Egitana Musical”, num tributo que envolve alguns dos músicos da cidade que ajudou e motivou no início da carreira. Outra novidade é a realização de um concurso nacional de piano, no início de Maio.
Luis Martins
