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Subida das temperaturas deixa hotéis a meio gás

Opiniões dividem-se quanto ao aproveitamento das potencialidades da Serra da Estrela no Verão

A Serra da Estrela ainda está longe de ser a primeira opção de férias de Verão. O INTERIOR contactou algumas das unidades hoteleiras da região e as taxas de ocupação ficam muito aquém dos valores de Inverno. O Hotel Serra da Estrela, nas Penhas da Saúde, é o que tem recebido menos gente. As projecções para esta altura do ano «rondam os 35 a 40 por cento, mas dificilmente a ocupação real lá chegará», refere Manuel Joaquim Oliveira, responsável pela unidade. Hotéis e agentes turísticos proporcionam vários programas de natureza, mas a praia continua imbatível.

De um modo geral, Guarda, Seia, Gouveia e Covilhã têm metade dos quartos ocupados, mas nem todos por turistas. Na cidade mais alta, o Lusitânia Parque informa que tem uma taxa de ocupação de 55 por cento, um registo «superior ao do Inverno», admite Inocêncio Marques, proprietário do hotel. Um dado aparentemente estranho para esta altura do ano, mas que o empresário justifica facilmente: «Continuamos à espera da “Estrada Verde”. Falta-nos uma ligação à serra, pois as pessoas que descem da Torre, agora e no Inverno, fazem-no pela Covilhã e pernoitam lá», lamenta. No Hotel Turismo, Vítor Santos, gerente, confiram que se cumprem apenas os «serviços mínimos», tendo em conta as obras e a reestruturação administrativa que aí vêm. No Vanguarda a ocupação situa-se «entre os 55 e 65 por cento, dentro dos objectivos determinados», de acordo com José Almeida, assessor da administração da IMB Hotels.

Na Covilhã a tendência é similar. A taxa de ocupação nas unidades deste grupo – Hotel Turismo e o Covilhã Parque Hotel – não ultrapassam os 65 por cento. «O destino Serra da Estrela no Verão tem ainda poucos atractivos que provoquem a fixação de clientes em estadias médias/longas», acrescenta aquele responsável, anunciando para este ano a abertura do complexo de Unhais da Serra. Já o Tryp Dona Maria prevê fechar este mês com 60 por cento de ocupação, «um valor inferior ao ano transacto», esclarece a administração. Mesmo assim, são mais 10 pontos percentuais que o Hotel Santa Eufémia, do mesmo grupo. «Este será o melhor mês do Verão, pois temos projectado um acumulado de 50 por cento para os meses de Julho, Agosto e Setembro», revela Luís Ferreira, da direcção-geral, que sublinha serem valores aquém do esperado. «Em 10 anos de promoção turística nada foi feito estrategicamente para inverter esta tendência. A oferta de animação turística é inconsistente e sem qualidade, não existe nenhuma infraestrutura que se possa recomendar que esteja certificada. Nos principais pontos de visita – Torre, Covão d’Ametade, Vale do Rossim, Poço do Inferno – a limpeza e o nível de equipamento existente roçam o medíocre. Quando se sugere a visita a qualquer destes locais nunca conseguimos recolher impactos positivos ou comentários favoráveis. Recebemos é queixas e lamentos», critica.

«Não se consegue trazer gente nesta altura»

Subindo para a Torre, a Varanda dos Carqueijais apresenta o resultado mais elevado de toda a região. No mês de Julho foram usados 75 por cento dos quartos e, em Agosto, os visitantes deverão ocupar 95 por cento. Para Rui Abrantes, responsável pela unidade, o “segredo” reside nas ofertas proporcionadas, como o “downhill”, o parapente, a canoagem ou os passeios a cavalo, mas também em verdadeiros momentos de descanso: «Temos um “feedback” muito positivo, pois as pessoas vêm para descansar e recarregar baterias», afirma. A maior altitude, o Hotel Serra da Estrela (do mesmo grupo, a Turistrela) tem a ocupação mais baixa da região. «As taxas têm subido, mas são fracas. Esta situação repete-se todos os anos e há pouco a fazer. Não se consegue trazer gente à Serra nesta altura», lamenta Manuel Joaquim Oliveira. Do outro lado da Estrela, a tendência mantém-se. O Hotel Eurosol Gouveia prevê fechar o mês de Agosto com uma taxa de ocupação de 40 por cento, valores aquém dos registados em tempo de neve.

Por esta altura, o Parque da Senhora dos Verdes é um dos atractivos do concelho, mas o próprio hotel tem programas dedicados ao turismo de natureza e aventura. Situação semelhante vive-se em Seia, mas o Hotel Eurosol Seia-Camelo tem uma taxa superior, prevendo alcançar os 58 por cento de ocupação neste mês.

Igor de Sousa Costa

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