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Vox Populi

O “espírito de iniciativa” deve ser sempre sublinhado mesmo que o mérito, e não é o caso, não seja de enaltecer. Os parabéns e agradecimentos ao jornal “O Interior” e à “Rádio Altitude” por nos terem proporcionado uma avaliação dos tempos políticos mais próximos. O interesse de tal avaliação mede-se não só pelas análises que à sua volta foram feitas, pelos mais variados quadrantes, mas principalmente pelos silêncios que alguns dos mais destacados actores da política local quiseram ter. “Parecem-me esclarecedoras, quer as respostas da amostra sondada, quer os posicionamentos, agregadores nalguns casos (PS, por exemplo), desagregadores noutros, como quem quer saltar do barco só porque a má “imagem” agora inequivocamente se confirma. Por fim, felizmente, formas diferentes de estar na política revelando humildade e preocupação, tentando envolver todos na análise do que estará na base de tanta quebra (refiro-me obviamente ao PSD). “Quanto aos silêncios, que chegaram ao desplante de invocar desconhecimento quer da sondagem quer do conteúdo dos resultados, são merecedores de melhor análise, senão vejamos. Nos últimos cinco anos (poderia ir mais longe no tempo) assistimos a um degladiar sem limites pela hegemonia e liderança das causas políticas que, por iniciativa própria ou alheia, iam preenchendo o nosso quotidiano. Foram líderes partidárias, presidentes ou candidatas, deputadas por pouco ou muito “tempo, responsáveis ao mais alto nível, quer no Parlamento quer no Governo ou em representação dele, intervenientes e opinativas sempre que uma das duas algo fazia ou tentava dizer, sempre adversárias, com fronteiras de alguma intimidade permanentemente e reciprocamente invadidas, numa palavra o “cão e gato” na política caseira deste burgo.

E agora que gostaríamos de ouvir o que tinham para dizer, de uma avaliação de terceiros na função, e principalmente dos 10 anos em que foram actrizes principais deste “teatro” em que quase transformaram a vida colectiva desta cidade, não quiseram dar-nos a conhecer as suas opiniões, que pela vivência e empenhamento colocados em tudo o que fizeram e desfizeram, seriam concerteza esclarecedoras e talvez justificação da avaliação tão negativa que a sondagem revela. E lembram-se, foi um período que, sendo para muitos uma oportunidade, já que se viveram tempos de realização e utilização de meios financeiros que os nossos amigos da Europa nos colocaram à disposição. Aqui, atente-se nos resultados, ficaram assinalados por um conjunto de boas intenções, algumas realizações e principalmente por uma “pesada herança” que os actuais intérpretes do poder não se cansam de nos fazer lembrar, mesmo que seja desculpa para pouco concretizar. Eu ainda acreditava na frontalidade e clareza de atitudes dos nossos maiores dignatários, sabendo eu que, mais uma vez, talvez estejamos perante uma excepção e não perante a regra. Porque sou optimista por natureza, mantenho a esperança.

Por: J. L. Crespo de Carvalho

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