Quando estiver a ler este texto já a sonda Rosetta terá tido um encontro com a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Sim! Leu bem! A ESA (Agência Espacial Europeia) irá comandar, desde a Terra, uma sonda que vai aterrar num cometa que orbita entre a Terra e Júpiter. Para ser mais preciso, não é propriamente a sonda que irá entrar em contacto com a superfície do planeta, mas sim um módulo da Rosetta que se designa por Philae.
Esta aventura protagonizada pelo ESA iniciou-se há 10 anos com a colocação da sonda Rosetta no Sistema Solar com o objetivo de ir ao encontro do 67P/Churyumov-Gerasimenko. Esta sonda tem encontro marcado com o cometa num ponto do espaço a 807 milhões de quilómetros da Terra e a 673 milhões de quilómetros do Sol.
Mas olhemos um pouco melhor esta missão, por muitos considerada o projeto mais importante alguma vez realizado no Sistema Solar. Lançada em março de 2004, a sonda teve que orbitar a Terra e Marte por quatro ocasiões, usando a força gravitacional dos planetas para se impulsionar de encontro ao cometa. Durante esta longa viagem, a Rosetta entrou num período de hibernação de 31 meses, uma vez que viajou para tão longe que os seus painéis solares não seriam capazes de captar energia suficiente para mantê-la totalmente ativa. Chegou a estar a 800 milhões de quilómetros do Sol e a 1000 milhões de quilómetros da Terra.
A hibernação acabou em janeiro deste ano, estando numa posição em que a quantidade de energia solar que atinge a sonda é apenas 4% da que chega normalmente à Terra. Neste processo de despertar, a sonda fez um conjunto de manobras que permitiram orientar a sua antena em direção à Terra e então transmitiu os primeiros sinais. Foram precisos 45 minutos para que chegasse aos radares.
Mais tarde, em agosto, a sonda iniciou uma série de manobras complicadas para acompanhar o cometa. A última foi um pequeno disparo de aceleradores que durou 6 minutos e 26 segundos e permitiu uma grande aproximação ao cometa. Nesta aproximação foram tiradas as primeiras fotografias e decidido o local para onde irá ser enviado o módulo. Este envio é mais um momento crítico desta missão na medida em que o Philae não apresenta nenhum propulsor, o que implica que ao ser desprendido da sonda, o módulo irá ser atraído para o cometa de um modo muito suave. Como a força de atração gravítica do cometa é reduzido, trata-se de um corpo composto por rocha e gelo de 4 quilómetros de comprimento de forma irregular, um erro, por mais pequeno que seja, pode falhar o alvo, e conduzir ao desaparecimento do módulo no espaço.
Para concluir, gostaria de referir que o nome Rosetta foi inspirado na Pedra da Rosetta, descoberta em 1799. Este Pedra permitiu a compreensão dos hieróglifos egípcios. Também Philae é de origem egípcia, uma vez que é o nome de uma ilha no rio Nilo onde se descobriu um obelisco que contribuiu para decifrar os hieróglifos de Rosetta.
Espera-se agora que esta missão ajude a revelar e a compreender os mistérios do Sistema Solar.
Por: António Costa