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Solar do Queijo mais visitado no Inverno

Apesar de mais caro, o queijo certificado continua a ser o mais vendido no “cofre” do Solar, sobretudo entre Dezembro e Fevereiro

Embora esta não seja a época alta para o Solar do Queijo de Celorico da Beira, os turistas não perdem a passagem pela “catedral” do produto mais apreciado da Serra da Estrela a fim de o degustar e apreciar as características únicas de um espaço nobre superiormente requalificado. Aberto há cerca de seis anos, o edifício tem um número variável de visitantes que oscila imenso entre os meses de frio e os de calor. «No Inverno chegamos a ter mil pessoas por dia, enquanto que no Verão temos 20 ou menos», conta Carlos Ribeiro, responsável pelo Solar.

Uma variação que tem em conta os meses do «melhor queijo», que são Dezembro, Janeiro e Fevereiro, quando o microclima existente no concelho faz com que a qualidade da iguaria dourada seja melhor, além da qualidade das pastagens nessa altura, que «conta muito para a boa fermentação». É também durante esses meses que o Solar vende mais, embora esse não seja o principal objectivo da casa, como faz notar o responsável, para quem o facto dos visitantes terem conhecimento «do que fazemos já é bom». É por isso que a vertente comercial daquele espaço surgiu algum tempo depois da sua abertura, devido à «grande» quantidade de visitantes que queriam adquirir queijo e «saíam daqui descontentes», garante. Desta forma, o Solar satisfaz não apenas a vontade das visitas, como ajuda os produtores do concelho a darem a conhecer e a venderem os seus produtos, porque «tentamos ter aqui o maior número de produtores possível, certificados ou não», realça Carlos Ribeiro, consciente de que não têm saída para tanto queijo que se produz em Celorico da Beira.

Ainda assim, o “cofre do queijo” permanece bem recheado com queijos certificados e não certificados, sendo um local de passagem obrigatória para «todos» os visitantes. A finalidade é «promover mais do que vender, embora isso também seja uma forma de promoção», confessa Ribeiro, explicando a “O Interior” como se pode evitar comprar “gato por lebre”. O queijo certificado tem que ter um rótulo circular com uma imagem no centro alusiva ao produto ou à região (escolhida pelo produtor), na parte mais exterior deve possuir uma cinta de cor amarela onde se lê “Queijo Serra da Estrela” e, o mais importante, ter uma marca feita pela Casa da Moeda que é colocada pelo técnico da entidade certificadora e a qual dá garantia ao queijo. «Todo o queijo que não tenha esta marca não é Serra da Estrela, porque o rótulo todos podem pôr, mas a marca não», adverte Carlos Ribeiro.

Provas a preços simbólicos

É que «não se trata de um queijo qualquer». O verdadeiro Serra da Estrela tem que ser feito com o leite de uma raça única – a ovelha Serra da Estrela, do tipo bordaleira – tem que ter o “B3”, designação dada ao rebanho que há três anos não tenha doença e tenha continuação, tem que possuir uma cor homogénea, uma pasta semi-mole, uma textura massiça, entre outras qualidades apreciadas pelo técnico na hora da certificação. Já o não certificado (também à venda no Solar) possui um rótulo rudimentar, «que se conhece facilmente», indicando apenas os dados do produtor, que «normalmente já tem clientes certos e não se importa em não certificar». Ribeiro diz que mais que um processo burocrático, há falta de conhecimento e por isso defende que devia haver técnicos da entidade certificadora e da Estrelacoop a informar convenientemente os produtores, porque «eles não querem entender», lamenta. Ainda assim, o seu produto é vendido de igual forma, embora a preços mais baixos, uma vez que tem a garantia do produtor, mas «não foi analisado como o outro», esclarece Carlos Ribeiro. É por isso que, em termos de comercialização, as pessoas «preferem pagar mais caro» e comprar queijo certificado a 25 euros o quilo, do que pagar 17,50 euros pelo outro.

Em termos de exposição, o Solar do Queijo conta com os mesmos espaços. À entrada encontra-se a sala museu com alguns utensílios relacionados com o fabrico do queijo, a réplica de uma cozinha tradicional, algumas peças museológicas, várias alfaias agrícolas e ainda uma televisão onde é transmitido todo o processo de fabrico e um painel explicativo das “obrigações” do Queijo Serra da Estrela, ilustrado com fotografias de queijarias licenciadas. Do outro lado, existe um bar para provas de produtos gastronómicos regionais, como o presunto, os enchidos, o pão, o vinho e outros, mas só para os visitantes. Já no primeiro andar desta casa, que em tempos foi de habitação senhorial, depois Paços do Concelho, Tribunal e Cadeia, encontra-se mais uma cozinha tradicional e a “sala nobre”, decorada com uns confortáveis sofás onde é possível degustar comodamente o queijo, a broa escura e o vinho. Do outro lado, mais um bar, que serve apenas provas de queijo, adornado com uma mobília mais rústica e adequada ao produto. Aí são diariamente realizadas provas para «qualquer visitante», pessoalmente ou em grupo. Apesar de não serem gratuitas, as degustações podem também ser feitas para grandes grupos a «preços simbólicos», garante Carlos Ribeiro. Por ali já passaram grupos de escolas, de empresas, de tribunais, de ex-combatentes, de desporto, entre muitos outros. A porta está sempre aberta no centro histórico da vila.

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