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«Só é possível ter futebol sénior no Teixoso quando é tudo a custo zero»

Cara a Cara – Paulo Serra

P – O Grupo Desportivo Teixosense festejou recentemente 62 anos. É uma data importante na vida do clube?

R – É lógico que sim porque o Teixosense é o segundo clube mais representativo do concelho da Covilhã. É um clube vivo que tem futebol sénior e de formação e estamos a trabalhar para que mais coisas possam acontecer.

P – Qual teria sido a prenda ideal para o Grupo?

R – A prenda ideal teria sido a resolução dos problemas que temos no campo de futebol que tem más condições. O ex-presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, manteve negociações com a família de Fernando Maia Campos para a compra do campo, mas isso não aconteceu, ao que julgo saber, porque faltou três ou quatro pessoas assinarem. A nossa maior ambição neste momento é mesmo essa, termos melhores condições no campo e já nem falo em ter piso sintético, que seria espetacular. Mas seria importante termos condições e termos hipótese de fazer alguma coisa no campo porque não lhe podemos mexer.

P – Quais são as principais atividades que o clube desenvolve regularmente?

R – A nossa principal atividade é o futebol, mas também temos ginástica, em que temos uma professora e cerca de 50 senhoras a praticar. No futebol, para além dos seniores, temos benjamins. Quando entrei para o clube havia três equipas de formação e uma de seniores, mas as dificuldades são tão grandes que não temos hipóteses e também não há muitos miúdos no Teixoso para formarmos equipas e não temos hipóteses de ir recrutar fora por questões financeiras. Também tínhamos uma secção de BTT, mas hoje está extinta.

P – O futebol sénior continua a ser uma bandeira do clube?

R – Sim e este ano temos uma belíssima equipa mas só é possível ter futebol sénior no Teixoso quando é tudo a custo zero, desde treinadores a jogadores. Se não fosse assim tínhamos que abandonar o futebol e dedicarmo-nos a outras coisas. Também estamos a precisar da reparação da sede, temos um projeto na RUDE que estamos à espera q seja aprovado para podermos fazer obras.

P – Quantos associados tem? É um número que gostava de aumentar?

R – Temos à volta de 845 sócios. Obviamente que gostaria de ter mais mas não é fácil nos tempos de hoje. Há muita gente a desistir, ainda vão havendo outros que se fazem novos sócios mas tomara a muitas equipas do Distrital de Castelo Branco ter tantos sócios como o Teixosense tem.

P – A crise que se vive há alguns anos tem afetado o associativismo?

R – Sim e bastante. Nós atualmente dependemos dos sócios. O executivo da Junta de Freguesia cessante deu-nos 1.500 euros para a formação mas isso não chega. Temos que fazer muitas festas e muitos eventos para tentar angariar dinheiro, de modo a conseguirmos levar o futebol até ao final da época.

P – Qual é a atual situação financeira da coletividade?

R – Nem temos saldo negativo nem positivo. Tentamos, acima de tudo, arranjar dinheiro para o dia-a-dia e isso vai-se conseguindo. Temos uma direção espetacular nesse âmbito. Ainda no passado fim-de-semana organizámos uma festa do halloween no pavilhão multiusos para tentar arranjar dinheiro para as deslocações e para algum almoço que se possa dar aos jogadores e é assim que trabalhamos.

P – Há novos projetos que a sua direção pretenda implementar?

R – Não porque já fizemos um mandato de dois anos, só que fizemos uma assembleia-geral em junho e não apareceu nenhuma lista para continuar à frente dos destinos do clube e nessa reunião, como não apareceu mais ninguém e tínhamos o processo das obras na sede que têm que se fazer porque chove lá dentro, mostrámo-nos disponíveis para continuar mais um ano. Deste modo, este ano que estamos a fazer agora é para tentar gerir o clube. Em maio ou junho vão ser marcadas novas eleições e vamos ver se aparece alguém interessado em liderar o clube.

P – No seu caso particular, fez um interregno na carreira de treinador para abraçar a de dirigente. Não enjeita a possibilidade de voltar a treinar?

R – É lógico que não e este ano recebi dois convites que não aceitei porque não sabia o que ia acontecer na assembleia-geral. Infelizmente aconteceu aquilo que estava à espera que foi não aparecer ninguém porque se tivesse aparecido alguém eu tinha ido treinar porque é o que gosto de fazer. Deixei de treinar porque vi que a minha terra podia ficar sem futebol. Quem estava no Teixosense só continuava se acabassem com o futebol e acho que o clube tem uma história grande no distrito e tem muitos sócios. Se isso acontecesse acho que íamos ficar sem metade deles e nunca mais se entrava no futebol e foi por aí que eu e outros colegas, como o Tó Real que é treinador e diretor, nos juntámos em prol da coletividade. Agora, já é o terceiro ano. A saturação também começa a pesar e era bom que aparecesse alguém para tomar conta dos destinos do Teixosense porque é um clube importante no nosso concelho, distrito, tem muitos pergaminhos e será muito mau se o clube desistir de participar nos campeonatos.

Paulo Serra

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