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SMAS da Guarda divulgam devedores na praça pública

Ação sem precedentes de cobrança de dívidas consiste na afixação de aviso na porta do prédio dos devedores a dar conta que o seu contador será instalado no exterior de forma a permitir o corte da água

Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) da Guarda têm em curso uma ação sem precedentes de cobrança de dívidas. O método é radical: um aviso afixado na porta do prédio comunica ao próprio e à vizinhança que, devido a dívidas, o seu contador vai ser instalado no exterior do edifício para que seja cortado o serviço de abastecimento de água. O documento só não traz o nome do devedor recalcitrante.

O método está a indignar alguns guardenses, que não concordam com uma atuação que consideram «vexatória, abusiva e até medieval» por os SMAS exporem na praça pública uma situação que dizem ser do foro privado. «É como colocar os devedores no pelourinho para que todos saibam que devem dinheiro, embora se desconheçam as razões que levaram a essa dívida e se trate de um serviço básico», critica um munícipe, que pediu para não ser identificado e se diz «chocado» com a opção dos SMAS. Há dezenas de avisos espalhados pela cidade, que continua a ser percorrida por funcionários dos serviços municipalizados com a tarefa de afixar mais papéis e instalar contadores no exterior dos edifícios. «Estamos a pôr cobro a situações de dívidas acumuladas de anos e a casos em que os consumidores cortaram o diálogo com os nossos serviços e impedem o acesso dos fiscais aos contadores de água, que estão no interior das habitações. Assim sendo, temos que tomar medidas», refere o vereador Sérgio Costa.

O também presidente do Conselho de Administração dos SMAS considera a medida «normal» e esclarece que só é tomada «em última instância, quando a dívida é elevada, o cliente não quer pagar, não aceita negociar acordos de pagamento e vira costas ao problema». Segundo o vereador, estão em causa «valores avultados que, incompreensivelmente, no passado, se foram deixando acumular sem atuar e hoje somos obrigados a agir. Por isso, esta é uma decisão de gestão pura e dura». A O INTERIOR, Sérgio Costa escusou-se a adiantar números e a falar da gestão anterior dos SMAS, prometendo abordar o assunto «mais tarde», mas sempre vai negado que se trate de uma solução radical. «É uma situação normal em todo o mundo, pelos vistos só na Guarda é que parece que não é. A EDP faz bem pior que isto, porque os SMAS só recorrem a esta solução quando, do outro lado, há a clara intenção de não querer pagar e, pior, de não querer resolver o problema», sublinha o presidente do SMAS, segundo o qual ainda nenhum dos visados com estas ações contestou judicialmente a atuação dos serviços municipalizados.

Luis Martins O presidente do Conselho de Administração dos SMAS considera a medida «normal em todo o mundo»

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