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SIAC anda à solta na Guarda e em Vila Nova de Foz Côa

À semelhança do que aconteceu em Pinhel no ano passado, o Simpósio Internacional de Arte Contemporânea expandiu-se e levou exposições de serigrafia digital e poesia visual a Foz Côa.

Até 18 de junho, respira-se arte na Guarda com a terceira edição do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea (SIAC). Da pintura à escultura, passando pela gravura, o SIAC reúne 140 artistas de 21 países e, na passada sexta-feira, foi a vez da exposição de Paula Rego – “As infâncias perduráveis” – ser inaugurada pelo ministro da Cultura.

A mostra, que está patente até 31 de julho, reúne obras provenientes da Casa das Histórias Paula Rego, do Centro de Arte Manuel de Brito e da Fundação de Serralves, constituindo-se como uma grande retrospetiva sobre a pintora radicada em Londres. Luís Filipe Castro Mendes presidiu também à assinatura do protocolo de cedência ao Museu da Guarda de cinco obras de arte contemporânea portuguesa da coleção do Novo Banco e às inaugurações das mostras de Fernanda Fragateiro (“Recliner [after MvdR] and other sculptures”) e de Sebastião Resende (“Sobre a Terra Fendida Uma Chama”). No seu discurso, o governante destacou que a Guarda é «uma cidade de cultura, uma cidade que faz» e que está aberta a uma «dimensão muito importante» na internacionalização do país, que se reflete na cooperação transfronteiriça com a região de Salamanca.

«Já temos uma Eurocidade – Badajoz, Campo Maior, Elvas – e, entre a Guarda e Salamanca, está a criar-se também uma relação que é importante para a internacionalização da cultura, para a visibilidade da cidade e da sua criação e dos seus momentos», declarou o ministro, que saudou o trabalho que está a ser feito e reafirmou que «pelo caminho da descentralização» se chegará «à valorização do interior, à dinamização da cultura e ao maior investimento da cultura» em Portugal. Para Álvaro Amaro é tudo uma questão de ambição, mas sempre com os pés bem assentes na terra: «Até termos esta grande marca cultural pelo país, a nossa ambição como cidade do interior tem que existir. E ela existe. Existe nas gentes da Guarda, nos agentes culturais, no município, na sociedade civil», sublinhou o edil, defendendo que com o SIAC a Guarda «está a abrir mais um corredor da cultura portuguesa para a Europa».

Mas nem só de arte ao vivo e de exposições se faz o simpósio, que acolhe também colóquios, palestras, recitais, apresentações de livros, arte urbana, ateliers e ciclos documentais. Desde o Campus Internacional de Arte Contemporânea à Praça Luís de Camões, passando pelo museu, TMG, Alameda de Santo André, Solar dos Póvoas, Rua 31 de Janeiro e Arquivo Distrital, são várias as obras artísticas que podem ser vislumbradas. Organizado pelo município da Guarda e o museu local, o SIAC conta também com o apoio da Universidade de Salamanca (Espanha), da Casa das Histórias Paula Rego, da Fundação Dom Luís, do Centro de Arte Manuel de Brito e da Fundação Serralves.

SIAC chega a Vila Nova de Foz Côa

O simpósio chegou na terça-feira a Vila Nova de Foz Côa com as exposições de serigrafia digital e poesia visual no Centro Cultural.

Vários artistas, que partiram da Guarda rumo a Foz Côa, ficaram também a conhecer o projeto do Museu do Saca Rolhas, cuja apresentação foi feita pelo seu mentor, Lopo de Castilho, que, entre o inglês e o português, explicou em que consiste este projeto. Durante a tarde foi inaugurada a exposição de fotografia do repórter parlamentar Joshua Benoliel, na Biblioteca Municipal, que contou com a explicação de Francisco Távora, do Museu da Assembleia da República. Seguiu-se uma visita à Igreja de Nossa Senhora do Pranto e ao Museu do Côa, tendo terminado o dia com a passagem pelo Centro de Alto Rendimento do Pocinho e uma visita às gravuras rupestres do Vale do Côa.

Quarteirão das Artes é um projeto com «grandeza»

O Quarteirão das Artes – Museu e Centro de Arte Contemporânea «é um projeto que tem grandeza» e, segundo o ministro da Cultura, contará com o apoio «que daremos à candidatura, a fundos comunitários, do projeto na sua globalidade e na sua finalidade essencial».

Ainda assim, Luís Filipe Castro Mendes considera que este projeto já existe: «Está a ser feito pela presença de todos estes artistas, pelas exposições diversas que aqui estão, desde Fernanda Fragateiro à retrospetiva de Paula Rego, bem como pelo depósito do Novo Banco», constatou o governante, que se revê nesta «conceção» da cultura. «Pretendemos que a criação tenha condições de trabalho, tenha recursos, tenha uma casa que vai ser, afinal, um quarteirão. E esse quarteirão está à medida da ambição que o presidente da Câmara expôs e também de uma conceção política com a qual eu não estaria mais de acordo», admitiu o ministro.

Obras cedidas pelo Novo Banco no Museu durante cinco anos

João Hogan, Nikias Skapinakis, José de Guimarães, Júlio Resende e Luís Pinto Coelho, cinco nomes sonantes da pintura portuguesa da segunda metade do século XX, têm desde sexta-feira obras em exposição permanente no Museu da Guarda.

Esta é a primeira cedência coletiva de quadros por parte do Novo Banco (NB), bem como a primeira cedência de obras de artistas portugueses e também a primeira cedência de arte contemporânea. Para Álvaro Amaro, este empréstimo constitui «mais uma boa perspetiva» para a Câmara continuar a «fazer a afirmação da Guarda no plano cultural». Já o presidente executivo do NB, António Ramalho, destacou que a distribuição de várias obras de arte pelo país criou «um conceito e uma homogeneidade» que a coleção não tinha e «com isto estamos a dar um contributo sério para juntar à Guarda dos cinco efes mais um: um efe de futuro», disse.

Além disso, esta cedência é «uma garantia de que as obras ficarão no país» para fruição pública, ressalvou o ministro da Cultura, segundo o qual «isso é um passo na construção de uma política nacional para as coleções artísticas e patrimoniais residentes no país, potenciando a cultura como um fator de atratividade».

Sara Guterres Sob o tema “As vanguardas da memória”, o SIAC reúne 140 artistas de 21 países

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