A marca Serra da Estrela deve ser a âncora da região num contexto de desenvolvimento. Este é um desiderato há muito defendido.
Daniel Bessa defendeu no Fundão que a marca Serra da Estrela pode mesmo internacionalizar-se e atrair investimento e turistas de além-fronteiras. O responsável do PRASD aposta na imagem de marca da serra e numa boa rede de telecomunicações em banda larga para o desenvolvimento regional.
Pedro Guedes de Carvalho, docente da UBI, vai coordenar o plano estratégico de turismo, que pretende revolucionar o sector na região da serra. Considera que a marca “Serra da Estrela” deve ser a âncora da região – entre o Douro e o Tejo. Para o professor da UBI não se pode continuar na dependência da neve, nem dos planos de curto prazo.
As opiniões de Daniel Bessa e Pedro Guedes de Carvalho não são propriamente novidade, mas são de extraordinária importância e actualidade.
Discute-se a criação de uma comunidade urbana que aglutine os concelhos de toda a Beira Interior (ou pelo menos uma boa parte) e, curiosamente, tudo fica na dependência de autarcas trauliteiros que decidem a inclusão ou não do “seu” concelho na comunidade de acordo com um critério quase individual de visão curta e redutora. Enquanto os técnicos com os seus estudos aferem da necessidade e mister de planificar uma região como um todo, os autarcas registam as diferenças, aumentam as distancias, procuram protagonismos sem sentido. Na região continuamos a conviver com bairrismos absurdos que separam em vez de aproximar; que exortam às diferenças, quando a diversidade é uma mais-valia que deve complementar e não abstrair.
Manuel Frexes excluiu o Fundão da região de Turismo… porque sim! Ou seja, porque concluiu que é mais interessante andar a plantar meia dúzia de outdoor’s com umas cerejas – reflexo de um amadorismo coactivo -, do que participar e exigir dinamismo na região de turismo. É o mesmo Frexes que defende a redução de impostos para o interior por ser assim que «funciona a solidariedade nacional». Quer a solidariedade nacional, mas não promove a regional. Provavelmente não percebeu que o turismo não pode ser promovido à escala concelhia. É uma questão de dimensão. De resto o mesmo sucede com muitos outros políticos. Reflicta-se sobre o comentário de Pedro Guedes de Carvalho no “Público”: «Um dos defeitos do processo do Côa é que fizeram uma coisa só para promover Foz Côa, e não faz sentido, porque só por si, não tem atractividade para mais de um dia de visita». (Talvez um dia os fozcoenses concluam que só tinham a ganhar se ficassem integrados na mesma comunidade que a Serra da Estrela.)
Para já de parabéns estão os autarcas que compreenderam que têm de unir esforços com o vizinho do lado e que os problemas e dificuldades são comuns.
Uma comunidade à volta da Serra da Estrela, desde logo, porque é de facto uma marca muito forte.
Luís Baptista-Martins