São quase três dezenas os projectos a candidatar ao Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) na região. Ontem à tarde, Teresa Rocha Vieira e Lemos dos Santos apresentaram aquilo que são as bases do “Plano de Acção PROVERE” Serra da Estrela. Deste grupo fazem parte as autarquias de Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda e Seia, mais 19 instituições e empresas desses municípios. Entretanto, outros parceiros podem entrar, como a Turistrela e o Inatel, que ficaram de fora do grupo fundador.
Em causa estão dois projectos-âncora. O primeiro destina-se a «dar densidade à marca “Serra da Estrela”», explicou Lemos dos Santos. Depois será necessário «afirmar a excelência bioclimática e a qualidade do ar», completou. Neste último contexto estão pensadas três estruturas: um Centro de Investigação e Monitorização da Saúde e Ambiente (que poderá ser gerido pela Guarda’ar); uma clínica especializada no tratamento de doenças do foro respiratório (a ideia foi lançada pela CEDIR); e uma clínica, género spa, de saúde através do ar. Os investimentos a candidatar deverão obedecer a três requisitos. «Têm de estar relacionados com os recursos endógenos, localizar-se em zonas de baixa densidade e de ser tendencialmente inimitáveis», esclareceu o coordenador da Acção Integrada de Base Territorial da Serra da Estrela.
No turismo serão explorados quatro dos 10 pilares enunciados pelo Plano Nacional Estratégico do Turismo (PNET): o turismo de natureza, gastronomia e vinhos, saúde e bem-estar e “touring” cultural e paisagístico. Quanto à saúde e bem-estar, o plano ontem apresentado – que tem em conta o estudo elaborado pelo economista Daniel Bessa – refere o potencial económico por detrás das doenças respiratórias, como a tuberculose, as pneumonias e as alergias. Lemos dos Santos destacou a qualidade do ar e da água da região. «É um turismo que está a crescer a 50 por cento nos últimos anos», adiantou. Além dos recursos endógenos relacionados com o património natural e cultural, também será dada especial relevância aos produtos tradicionais. O próprio plano incita ao «relançamento das actividades tradicionais em formatos economicamente viáveis». Teresa Rocha Vieira, consultora que participou na elaboração do plano, fez questão de referir que este é ainda «um programa aberto, que pode ser complementado até ao final de Novembro».
Por definir continua o modelo de gestão a adoptar. Lemos dos Santos acredita que o ideal será «uma estrutura ligeira», que agrupe os municípios e as empresas: «As autarquias têm de fazer a parte estruturante, mas tem de haver uma racionalidade empresarial no modelo de gestão», aconselhou. A hipótese de envolver uma empresa de consultadoria também está em cima da mesa. Apesar do QREN terminar em 2013, Eduardo Brito, presidente da Câmara de Seia, mostrou-se confiante quanto ao futuro: «Tudo indica que depois de 2014 este território poderá receber novos fundos comunitários», afirmou. Ainda assim, Pedro Tavares, presidente do NERGA – Associação Empresarial da Guarda, questionou «a sustentabilidade da marca “Serra da Estrela” quando terminarem estes fundos».
Os projectos mais sonantes
Para candidatar ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) já estão pensados 26 projectos. Entre estes encontram-se a transformação do Hotel Turismo da Guarda num hotel de charme, a Cápsula do Tempo e a correcção do mapa rodoviário do Parque Natural da Serra da Estrela (nomeadamente com a construção da “estrada verde”, que ligará a Guarda ao maciço central). Há ainda a requalificação da praia fluvial de Valhelhas, o aproveitamento turístico da Barragem do Caldeirão (que poderá avançar pelas mãos da EDP Imobiliária), o “IndoorSnow” de Gouveia ou uma “Serra da Estrela dos Pequeninos” (com versões reduzidas dos ícones da região). Finalmente, o PROVERE Serra da Estrela deverá contemplar a constituição de uma cooperativa que ajude a comercializar os produtos regionais, o Museu das Energias Alternativas (em Manteigas) e o Museu do Vento (em Celorico da Beira).
Igor de Sousa Costa