Não o conheci. Não sei como era a pessoa, mas gostava do sorriso, da forma simpática de dizer. Tinha um olhar firme, uma forma educada de mostrar quem geria. A perda deste Sérgio Vieira de Melo é uma tragédia para a humanidade. Com ele, no mesmo dia morreram em Bagdad muitos inocentes e em Israel mais umas sete crianças. A besta continua viva e agora veste as peles de uma religião e usa os corpos dos seus fanáticos. Os terroristas e os seus fãs são uma espécie patética que rodeia as decisões internacionais. Há sempre uns políticos que usam o discurso como magia, ludibriando com frases ternas, outras seguras, dando a sensação que a verdade lhes pertence.
Há a luta contra o terrorismo de Estado que afinal dizem atacar, mas adoram déspotas e ajudam movimentos de libertação que são comandados por facínoras.
A democracia tem essa grande qualidade de usar instituições para se corrigir. O primado da lei sobre as pessoas e os seus direitos individuais, e as suas exigências. São pessoas grandes como este fantástico Sérgio Vieira de Melo que nos deixam a certeza que a democracia é o caminho e as instituições são o modo. Vejam como é, na América e na Inglaterra, que se apuram as responsabilidades dos políticos. Houve vigarice? Houve mentiras? Vamos discutir, vamos falar sobre as armas de destruição massiva, vamos ouvir ministros e militares. Tudo em audição. A democracia faz-se com a velocidade da justiça e também por isso nós ainda estamos longe da democracia. Esta morte estúpida e aquelas crianças queimadas fazem-me pensar, sonhar, e tenho de fazer um esforço para este artigo não ser uma coisa desconexa, como as meditações. Emociona-me saber que partiu um homem superior.
