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Ser humano: O que somos?

Mitocôndrias e Quasares

As entidades vivas que habitam este planeta, também chamadas organismos, são constituídas por moléculas grandes e complexas (proteínas, lípidos, polissacáridos, ácidos nucleicos) baseadas principalmente no átomo de carbono. Embora se diferencie no mundo inerte pela sua capacidade de interagir e de se multiplicar, a matéria viva encontra-se sujeita às mesmas leis universais da química e da física.

Os sistemas podem ser abertos (trocam matéria e energia com o meio envolvente), fechados (só trocam energia) ou isolados. A matéria viva pode considerar-se como um sistema aberto, o qual carece de contributos obrigatórios do meio envolvente para conservar as estruturas e poder multiplicar-se.

Desde o tempo em que os mares primitivos cobriam a Terra, há mais de 4.000 milhões de anos, a matéria viva tem vindo a mudar a sua forma e aparência, mas foi sempre evidente que visava perpetuar-se. Os sistemas vivos colonizaram o planeta inerte e absorveram as radiações que este recebe, utilizando-as como fonte de matéria e energia para sustentar-se e multiplicar-se.

Tudo teria começado com algumas células muito simples, constituídas por moléculas de carbono, mas lentamente essas primeiras entidades deram lugar a um incrível número de criaturas. Por que é que a matéria viva é capaz de alterar tão dramaticamente o seu aspeto se as suas moléculas base são as mesmas? O Homem encontrou a resposta graças às contribuições primordiais de Charles Darwin (1809-1882) e Gregor Mendel (1822-1884), que estabeleceram o conhecimento necessário para descrever a evolução biológica e a herança genética. Todos os indivíduos vivos possuem um conjunto de informação armazenada na molécula de ADN (ácido desoxirribonucleico). Esta molécula atua como um manual de instruções para governar os processos funcionais e estruturais do organismo, levados a cabo principalmente pelo ARN (ácido ribinucleico), as proteínas, os polissacáridos e os lípidos. O ADN pode variar, e deste modo alterar as instruções armazenadas. Dessa maneira, um indivíduo pode ficar mais adaptado a um determinado ambiente do que o outro, e por isso deixar descendência.

Neste longo caminho da vida, bactérias, protistas, plantas, fungos e animais têm competido e partilhado recursos para sobreviver. As plantas, em conjunto com algumas bactérias e vários tipos de algas, formam o grupo de entidades vivas capazes de transformar a energia luminosa irradiada pelo Sol em energia química – fotossíntese. Da mesma forma, estes organismos têm a capacidade de capturar o carbono a partir do dióxido de carbono gasoso da atmosfera, para assim poder sintetizar as moléculas que constroem as suas estruturas. Estes sistemas vivos configuram as bases da biosfera, dado que constituem a fonte de matéria e energia para os restos dos organismos.

Como uma ramificação da mais complexa árvore da vida, o ser humano é uma entidade que tem evoluído ao longo de milhões de anos. Em particular, o Homem é uma animal mamífero que iniciou os seus passos no continente africano, mas que atualmente domina toda a extensão do planeta, e que precisa de consumir outros organismos ou partes de organismos para os transformar em energia e em estruturas.

Como se origina esse processo no corpo humano? Os alimentos que ingerimos entram numa complexa rede de degradação e síntese denominada de metabolismo. Mediante processos catabólicos, um organismo degrada a matéria que consome e, ao degradá-la ou digeri-la, liberta a energia contida em certas moléculas orgânicas desta matéria. Em contrapartida, os processos anatómicos são aqueles que nos permitem a síntese de novas moléculas orgânicas utilizando a energia antes produzida e os contributos fornecidos pelos próprios alimentos, para deste modo nos construirmos e nos mantermos no tempo.

Devemos deste modo concluir que no afã de se perpetuar, e em conjunto com todos os seres vivos do nosso planeta, o ser humano é mais uma entidade que luta por conseguir sustento material e energético, competindo e interagindo com outras entidades para poder sobreviver.

Por: António Costa

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