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Ser burro continua a ser motivo de orgulho em Carpinteiro

VIª Concentração de jumentos da aldeia do concelho da Guarda juntou 15 exemplares no último domingo

Os anos passam, mas há sempre motivações diferentes para se realizar mais uma concentração de jumentos na localidade de Carpinteiro, conhecida como a “terra dos burros” entre as outras anexas que compõem a freguesia de Casal de Cinza. A sexta edição realizou-se no último fim-de-semana com 15 exemplares da raça asinina, a grande maioria da aldeia que dista poucos quilómetros da Guarda, a participarem no desfile de domingo à tarde.

O “Macaco”, com seis anos, foi um dos burros que participaram no desfile e o seu dono sempre aderiu à iniciativa. Fernando Rodrigues gosta da atividade que continua a atrair curiosos à aldeia e realça que não sente «grandes diferenças de uns anos para os outros». Este residente no Carpinteiro adianta que ainda usa o “Macaco” para «lavrar e gradear as batatinhas, faço tudo com ele», sublinha, até porque «o burrinho é uma cestinha de mão», ironiza. Já Dulce Capelo participou no desfile com o “Chico”, que é propriedade de um tio que «ainda trabalha com ele, mas pouco». Apesar de não ter burros, esta moradora fez questão de participar pela primeira vez porque «tenho visto nos outros anos e acho isto engraçado e bonito e quantos mais burros houver no desfile melhor». De resto, «é com orgulho» que Dulce Capelo vê a sua aldeia ser rotulada de “terra dos burros”, salientando que a concentração «junta sempre muita gente a ver e é um dia diferente que se passa».

Outra das senhoras a participar no desfile foi Deolinda Antunes, que se apresentou “ao volante” do “Pardo”, que é do seu pai. Esta jovem agricultora já é uma veterana nestas andanças e orgulha-se de já ter ganho vários primeiros prémios, sendo que também faz «por isso» e também se veste «a rigor». O “Pardo” também ajuda na agricultura e «todos os dias puxa a carroça». De igual modo, a filha de Deolinda, Catarina, de oito anos, participou no desfile pelo terceiro ano e igualmente trajada a rigor revelou que gosta de participar porque «é giro». A iniciativa foi mais uma vez organizada pela Associação Cultural e de Melhoramentos de Carpinteiro e o seu presidente admitiu que, «já que temos a fama, também temos que tirar proveito de ser burros». João Paulo Santos revelou que o número de burros no desfile não tem variado muito de ano para ano, andando sempre «entre os 15 e os 20», sendo «a maior parte» do Carpinteiro, mas há «um ou outro» de outra freguesia.

O dirigente realçou que «dos burros que participaram, a maior parte das pessoas ainda faz a lide do dia-a-dia, sobretudo as pessoas mais velhas que ainda trabalham com o burrinho». O presidente da ACMC frisa que a iniciativa «continua a atrair bastante gente à aldeia todos os anos, as pessoas gostam de ver e é sempre diferente», sendo que nesta edição foi feito um cortejo alusivo à freguesia e às suas sete anexas. Ainda assim, João Paulo Santos apela a um maior apoio e envolvimento: «Nós queríamos continuar, mas é um bocado difícil porque não temos apoios de entidades e isto é muito amor à camisola. Há força de vontade para o evento continuar nos próximos anos, só que o pessoal devia colaborar mais. Devia haver a participação de mais gente porque somos sempre praticamente os mesmos a trabalhar», lamenta o presidente da coletividade organizadora.

Ricardo Cordeiro Donos dos burros fazem questão de enfeitar os seus animais

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