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Sentir a Arte Rupestre do Vale do Côa

Vá Passear – Património da Humanidade

Sendo certo que a população local há muito conhecia as gravuras, porém, a sua descoberta “oficial” só aconteceu em 1994. Tudo começou após a decisão de construção de uma barragem pela EDP em 1989. Por entre os obrigatórios estudos de impacte ambiental, acabaram por ser identificados diversos testemunhos de arte rupestre do Paleolítico na Canada do Inferno. Depois, a história é conhecida: Uma apaixonada polémica (gravuras ou barragem) que concluiu na decisão de suspensão das obras da barragem e na universalização do parque arqueológico como património da Humanidade.

Penetrar o santuário do Paleolítico

Com a duração média de, sensivelmente, duas horas, cada visita encerra em si mesmo um momento de mistério e um certo laivo de aventura. O ar que se respira é ótimo e, para conhecer os pequenos tesouros que se escondem por detrás do matagal, inscritos na rocha e isolados das mutações à volta, o visitante deve ir em grupo e com guia.

De norte para sul, e para além dos núcleos submersos (após a construção da Barragem do Pocinho) como o Vale da Casa ou a Ribeira de Piscos, encontramos ainda no Douro, nas escarpas da Vermelhosa, mais de 200 séculos de arte dos mais antigos antepassados da Humanidade. Uma vez entrados no Côa, e seguindo pelo estaleiro abandonado da barragem, acedemos à Canada do Inferno, desde onde se avista sobranceiro e intangível o Museu do Côa. Nesta zona vamos encontrar um dos principais conjuntos de gravuras, muitas ainda submersas.

“O Homem de Piscos”

Deixando para trás a Canada do Inferno, seguimos para sul, passando por dois núcleos de menos relevância, o Vale de Figueira e o Fariseu, e, continuando a caminho da ribeira de Piscos, passamos a abandonada Quinta das Olgas, povoação para onde se sonhou uma pousada de Juventude. A montante, em plena Ribeira de Piscos, encontramos uma valiosa representação de dois cavalos e de seguida deparamos com o “Homem de Piscos”, uma raríssima representação humana do Paleolítico.

Mais a sul, e já frente à Quinta da Ervamoira, fica a Penascosa. Esta é uma zona central ao próprio parque arqueológico e com enorme presença de arte rupestre. Entre os animais representados na rocha, encontramos um cavalo e uma égua a acasalarem. Frente à praia da Penascosa encontramos o núcleo da Quinta da Barca onde os painéis estão muito mais dispersos. Nestas rochas encontramos um verdadeiro compêndio de arte rupestre.

Visitas:

Para além das visitas organizadas pelo Parque Arqueológico e de marcação prévia obrigatória, há outras opções. A empresa “Sabor, Douro e Aventura” propõe, nomeadamente, o “Vale do Douro e Gravuras do Côa”. Neste programa pretende-se mostrar dois patrimónios da humanidade – o de Arte Rupestre e o Alto Douro Vinhateiro – num contexto de turismo cultural, de natureza e enoturismo. Inclui uma visita organizada com guia em viaturas todo-o-terreno a um dos núcleos de arte rupestre do Parque Arqueológico do Vale do Côa – Penascosa ou à Canada do Inferno. E também a possibilidade de Prova de Vinhos.

O número mínimo de pessoas para a realização do programa é de 6 pessoas, o ponto de encontro é em Vila Nova de Foz Côa e o programa dura cerca de 4 horas com pausa para almoço. O preço é de 39 euros por pessoa e não inclui refeições. Para mais informações info@sabordouro.com ou consultar www. sabordouro.com.

Ervamoira:

Outra opção é visitar a Quinta da Ervamoira. Antes de Foz Côa, no IP2, sair para Muxagata seguindo depois por um percurso tortuosos e difícil, mas aprazível, até chegar a uma colina de onde se alcança uma vista deslumbrante sobre os vinhedos propriedade da Ramos Pinto. Uma visão paradisíaca de 200 hectares de vinha que sobreviveu à barragem e onde, entre outros, se produz o conhecido “Duas Quintas”. Na quinta pode visitar o Museu do Sítio de Ervamoira sendo necessária marcação prévia (consultar: www.ramospinto.pt/visitas3_port.htm ou usar o mail ramospinto@ramospinto.pt).

Luis Baptista-Martins A Quinta da Ervamoira teria sido submergida se a barragem tivesse sido construída. As vistas do Museu do Côa sobre o Douro são deslumbrantes

Sentir a Arte Rupestre do Vale do Côa
Sentir a Arte Rupestre do Vale do Côa

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