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Senhor presidente

Editorial

A propósito de mais um aniversário da cidade, o presidente da Câmara da Guarda desdobrou-se em entrevistas a alguns órgãos de comunicação social local – o jornal O INTERIOR também solicitou uma entrevista por escrito, em setembro, reiterada posteriormente. No entanto, o autarca nem respondeu.

A menos de um ano de eleições, e sabendo-se já que ele não será o candidato do PS, ao lermos as entrevistas havia alguma expectativa sobre a possibilidade de sermos brindados com alguma novidade ou uma surpresa que nos elevasse a autoestima. Mas não! Serviram de propaganda e nada mais. Nem uma ideia ou um pensamento positivo para o concelho, ou uma luz no fundo do túnel, nesta cidade que caminha cada vez mais para a escuridão. Nada! O cinzentismo e a completa incapacidade de perceber a encruzilhada em que a Guarda se encontra foram a nota dominante em todas as declarações. Houve um único momento a reter: o reconhecimento de desilusão sobre o call center da Addeco – projeto que o próprio autarca apresentou pouco antes das últimas eleições como o elixir que a cidade precisava, e que obrigou a Câmara da Guarda a gastar quase meio milhão de euros em obras num pavilhão no Parque da Cidade, com a promessa de criação de 250 postos de trabalho. Passados três anos, ninguém sabe o que é feito do call center e dos milhares de euros enterrados nas obras para a sua instalação, sabe-se apenas que nunca chegou a ter mais de 25 funcionárias que entretanto mandou para casa. Mas se fez bem em mostrar a sua desilusão, não assumiu a sua responsabilidade política sobre um custo extraordinário para o erário público sem qualquer benefício para a comunidade, nem evidenciou o exigível esforço na recuperação do dinheiro gasto pela autarquia junto da multinacional, que não assumiu o compromisso supostamente assinado com a Câmara da Guarda.

Mas o caso do call center é apenas um dos muitos pontos em que o presidente deve explicações aos cidadãos da Guarda. Desde o inverosímil projeto Guarda Mall, em que se envolveu como se fosse um promotor imobiliário, até ao incompreensível negócio da venda e encerramento do Hotel de Turismo, passando pelo ininteligível negócio da aquisição do “Bacalhau” para oferecer à Ensiguarda (desde quando é que o Estado tem de financiar a aquisição de instalações para entidades privadas?), são muitos os equívocos – entre tantos outros – da responsabilidade do presidente que nunca o devia ter sido. Uma gestão errática e ziguezagueante que começou com um amplo apoio popular em 2005 e que vai terminar no próximo ano com um concelho asfixiado e uma população em desespero. Enquanto o presidente viaja pelo mundo sem passar cavaco ao concelho que lhe paga o salário, a Guarda agoniza. Apesar de ninguém se recordar de um aspeto positivo na governação deste presidente, para lá do porreirismo latente, os «candidatos a candidato» pelo PS acenam com um risível convite ao futuro ex-autarca para presidir à Assembleia Municipal. Sabem que ele, obviamente, recusará, mas entretanto o gesto é “simpático”. Não é o PS que fica em dívida para com o presidente. É este presidente que deve tudo ao PS. Bento ou Igreja (com a ajuda de Passos e Gaspar) vão ter de cravar muitos pregos na má recordação desta Câmara e deste presidente para manterem o feudo de 36 anos de socialismo na Guarda.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
antonio ribeirinho antonioribeirinho@gmail.com
Comentário:
Lamentável o que se tem passado na Guarda nos últimos 30 anos, ou seja, é o PS no seu melhor: destruir.
 

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