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Selecção despede-se da Covilhã com vitória convincente

Complexo Desportivo encheu para assistir ao triunfo sobre os Camarões

A selecção nacional despediu-se da Covilhã da melhor forma ao concluir o estágio com uma vitória sobre a sua congénere dos Camarões por três bolas a uma, num jogo disputado na noite da última terça-feira. Com as bancadas do Complexo Desportivo da Covilhã praticamente cheias, Portugal entrou em campo bastante aplaudido e tentar apagar a má imagem deixada no nulo com Cabo Verde.

Cada jogada mais bem conseguida, finta ou remate dos atletas lusos foram recompensados com aplausos vindos das bancadas onde não faltou o ruído das muitas “vuvuzelas”. A tradicional “hola mexicana” também foi ensaiada por diversas vezes. Quanto ao jogo, Portugal foi sempre a equipa mais acutilante no ataque e chegou ao primeiro golo aos 32’ minutos através de um remate rasteiro e bem colocado de Raul Meireles. Um minuto depois, Samuel Eto’o, a grande estrela da formação camaronesa, foi expulso e a tarefa de Portugal ficou mais facilitada. Logo após o intervalo, o médio do FC Porto bisou num lance feliz e aos 69’, os Camarões reduziram com um cabeceamento de Webo. O melhor golo da noite chegou aos 81’ com Nani a fazer um belo chapéu a Carlos Kameni. Na última conferência de imprensa que deu na Covilhã, Carlos Queiroz sublinhou que «toda a equipa está a voar e estaremos melhor no Mundial». O seleccionador nacional reconheceu ainda que a vitória foi «importante», salientando que também é fundamental «fazer golos e jogar bem» e que a sua equipa conseguiu manter a mesma atitude, mesmo «a jogar contra 10 adversários».

Antes, na passada quarta-feira, cerca de três mil pessoas encheram o Estádio Municipal da Guarda para ver de perto os jogadores da selecção nacional. A comitiva portuguesa reservou este dia para brindar os guardenses com um treino, que foi muito concorrido e serviu também para apagar a má imagem deixada na tarde do domingo anterior, quando os jogadores foram assobiados no Complexo Desportivo da Covilhã.

Ao contrário do que tinha acontecido três dias antes na cidade vizinha, os seleccionados entraram no relvado do Estádio Municipal dando especial atenção a quem estava nas bancadas praticamente esgotadas. Começaram por agradecer no centro do terreno os muitos aplausos e gritos de incentivo que se fizeram ouvir. Em seguida, num grupo liderado pelo capitão Cristiano Ronaldo, correram à volta do campo, momento em que se notou a preocupação por parte de alguns jogadores em acenar e sorrir para o público. Depois de alguns exercícios de aquecimento numa das metades do terreno, ensaiaram uma peladinha, interrompida para virar a baliza colocada a meio-campo de forma a permitir um melhor visionamento do jogo a todos adeptos. Esta preocupação da equipa técnica e jogadores com o público não passou despercebida aos guardenses.

Incentivado pelos filhos a ir a estádio, João Carvalho mostrou-se satisfeito com este treino «bastante participativo», reconhecendo que os espectadores «gostaram muito destes gestos». Por sua vez, Luís Fernandes “picou o ponto” no Municipal para ver de perto a selecção e os seus craques: «Acho positivo este entusiasmo, já que a selecção nunca tinha vindo a esta zona. É bom que se lembrem que Portugal também é composto pelo interior do país», sublinhou. Já Alice Lemos só veio para ver Cristiano Ronaldo e companhia, mas «pela curiosidade e para ter uma sensação mais próxima da selecção». De resto, para esta guardense «é uma oportunidade única e já era tempo de virem à Guarda».

Crianças da Covilhã entraram com os craques

Cerca de 20 crianças entraram em campo de mão dada com os craques, tanto portugueses, como camaroneses. Só depois de entoados os dois hinos nacionais e quando a partida estava perto do início é que deixaram de estar sob os holofotes. Uma experiência para mais tarde recordar.

Apoio de todas as idades

Durante todo o jogo, o muito público presente não se cansou de apoiar Portugal, “empurrando-o” para a vitória. As bancadas transformaram-se num palco em que contracenaram “actores” de diversas idades, desde crianças até outros menos jovens.

Público guardense entusiasta

A imagem de marca deste mundial também não faltou no Estádio Municipal da Guarda. A “vuvuzela” fez-se ouvir por todo o recinto, com o público guardense bastante animado com a presença dos jogadores da selecção nacional. Miúdos e graúdos encheram as bancadas e não se cansaram de incentivar os “craques” do início ao fim do treino.

Último treino aberto ao público marcado por “peladinha” com jovens da região

No domingo houve descontracção na Covilhã, naquele que foi o último treino aberto ao público. No Complexo Desportivo, os jogadores disputaram curtas “peladinhas” com jovens dos escalões de formação de clubes oriundos de Castelo Branco e Guarda. Para os jovens adversários, este foi um dia inolvidável. «Aprendi novas tácticas de jogo, entre outras coisas», revelou João Fonseca (Paúl), enquanto Jorge Campos (AD Estação) confessou ter sido uma experiência «espectacular, nunca esperei interagir com os jogadores da selecção nacional». Segundo o seu colega de clube Gonçalo Brandão, os craques estiveram disponíveis para mostrar o que sabem e não foram «nada arrogantes». O jovem considera que «estas iniciativas são boas para os miúdos da nossa idade, que pretendem ser como eles». No final, os jogadores distribuíram bolas e autógrafos às crianças de escolas da região que assistiram ao treino e aos jovens jogadores com quem partilharam um fim de tarde diferente.

Selecção recebida na Câmara da Covilhã

A comitiva lusa foi recebida ao final da tarde de sábado na autarquia covilhanense, perante cerca de 500 adeptos. Os craques portugueses seguiram pela passadeira vermelha até aos Paços do Concelho, onde os esperava Carlos Pinto. Já no Salão Nobre foi entregue ao capitão Cristiano Ronaldo o prémio de Equipa do Ano, numa iniciativa da Clube Nacional de Imprensa Desportiva (CNID). Os jogadores receberam ainda medalhas comemorativas da passagem pela cidade, enquanto Gilberto Madaíl foi considerado Cidadão Honorário da Covilhã. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol manifestou o desejo de voltar à Covilhã no final do Mundial «para agradecer o carinho de todos». Já Carlos Pinto enalteceu a «satisfação» sentida por receber a comitiva na cidade e mostrou-se confiante num bom resultado na África do Sul, afirmando mesmo: «Estou convencido que Portugal vai surpreender os críticos».

Após a cerimónia, jogadores e equipa técnica dirigiram-se para a varanda da Câmara, de onde saudaram os adeptos, protagonizando o segundo momento alto do fim de tarde.

– com Ricardo Cordeiro

Rafael Mangana Cristiano Ronaldo mostrou-se bastante activo, mas voltou a ficar em branco

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