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«Seia terá novo hospital se houver necessidade e possibilidade financeira»

Fernando Andrade revela que ministro da Saúde tem «duas a três hipóteses» para o futuro do Nossa Senhora da Assunção

O presidente da ARS Centro garante que haverá um novo hospital em Seia «se essa necessidade se verificar no local, mas também se tivermos a possibilidade de o fazer». Sem se comprometer, Fernando Andrade revelou domingo, à margem da sessão comemorativa dos 20 anos do Centro de Alcoólicos Recuperados da Guarda, que o ministro da Saúde tem em mãos «duas ou três hipóteses de trabalho» para o futuro do Nossa Senhora da Assunção, mas evitou falar em construção de um novo edifício. «São propostas de melhoria das instalações e outras soluções», esclareceu, que serão avaliadas após uma deslocação a Seia de Luís Filipe Pereira antes do final do ano para «ver ele próprio as actuais instalações e decidir». Contudo, ainda não há data marcada.

O responsável pela área da Saúde na região Centro escusou-se de resto a especificar que tipo de opções estarão em cima da mesa, embora tenha admitido que o velho hospital senense necessita de melhorias. Quanto à mega-operação da autarquia de enviar cerca de 15 mil postais de Boas Festas ao ministro da Saúde, Fernando Andrade só entende essa medida como um «sinal de preocupação» da população e do município. «Mas não são os postais que vão alterar a política de saúde do ministério, nem tão pouco irão trazer ou não um hospital novo ou a obra para Seia», considera o médico, que também anunciou a próxima mudança do Conselho de Administração (CA) do Nossa Senhora da Assunção. Luís Filipe Pereira já tem os nomes e deverá nomear brevemente os novos dirigentes hospitalares. O motivo apontado por Fernando Andrade para a substituição da equipa de Margarida Ascensão e Luís Botelho, que poderá ocorrer na próxima semana, prende-se com o facto da «dinâmica» do CA «não se coadunar com a actual situação e estrutura de gestão dos hospitais». O presidente da ARS Centro garante que esta mudança não tem «nada a ver» com as recentes tomadas de posição de Margarida Ascensão em defesa de um novo hospital, mas que se devem antes ao pedido de substituição da própria, que estará «cansada e no limite da sua capacidade», acrescentou Fernando Andrade, que aproveitou a oportunidade para elogiar o seu trabalho. «Aquilo que é hoje o hospital de Seia também se deve a Margarida Ascensão», enalteceu.

Ferro Rodrigues indignado

Entretanto, o Ministério da Saúde já deve ter começado a receber os primeiros postais dos 15 mil preparados pela Câmara para desejar as Boas Festas a Luís Filipe Pereira e lembrar ao governante que Seia «precisa e merece um novo edifício para o hospital», como se pode ler no verso de uma imagem do Nossa Senhora da Assunção, um imóvel com 73 anos de existência. Eduardo Brito explica que esta iniciativa municipal visa «sensibilizar a tutela para a necessidade da cidade ter um novo edifício hospitalar, para o qual a Câmara está disposta a dar o terreno necessário à sua implantação». Quem já se antecipou foi Ferro Rodrigues. O secretário-geral do PS visitou terça-feira o hospital e manifestou-se «indignado» com as condições em que funciona, afirmando que se trata de uma «situação dramática em termos humanos». Ferro Rodrigues foi o primeiro líder dos partidos da oposição a visitar o Nossa Senhora da Assunção a convite da Câmara Municipal, que pretende que todos os dirigentes partidários se desloquem a uma instituição que «sem condições de funcionamento para utentes e profissionais da saúde».

O dirigente socialista lamentou ainda «o incumprimento total por parte deste Governo das promessas que fez em momentos particularmente importantes, como foram as últimas eleições legislativas, em que foi prometido que haveria um novo hospital em Seia e essa promessa foi rasgada». De resto, classificou de «muito mau sinal» o facto de Luís Filipe Pereira ter adiado a visita por três vezes e recordou que durante o Governo do PS «houve diligências no sentido de haver novas instalações», ao lembrar que o então ministro da Saúde, Correia de Campos, visitou o hospital tendo deixado expresso que se poderia e deveria na actual legislatura «estar a proceder a um projecto de um novo hospital». A unidade distrital de Seia possui um quadro de oito médicos, 58 enfermeiros de um total de 217 profissionais e tem uma capacidade para 60 camas, mais oito de Hospital de Dia (tratamentos oncológicos e outros). Carlos Carvalhas (PCP) e Francisco Louçã (Bloco de Esquerda) deverão ser os próximos convidados do município.

Luis Martins

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