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Seguro recupera redução do IRC para empresas do interior

No encerramento da conferência que o PS promoveu na Guarda sobre o interior, líder socialista voltou a dizer que, se for eleito primeiro-ministro, vai rever extinção de freguesias

A redução de impostos para as empresas e a implementação de um programa de desenvolvimento, financiado por fundos comunitários, são algumas das propostas de António José Seguro para o interior do país. O secretário-geral do PS esteve na Guarda, no passado sábado, na sessão de encerramento da segunda conferência “Em Defesa do Interior”, promovida pelos socialistas no TMG.

Num grande auditório a abarrotar, o líder socialista afirmou que o interior é «uma oportunidade de desenvolvimento», mas acrescentou que «um Governo que não conhece o interior não pode resolver nenhum problema», referindo-se ao atual executivo de Passos Coelho. «É fundamental que o interior seja mais competitivo, para garantir mais e melhor emprego, e também mais coeso, o que significará mais apoio, mais proteção e mais segurança para as pessoas que aqui vivem, em particular as mais idosas», declarou António José Seguro. Nesse sentido, defendeu a redução do IRC para as empresas que laborem no interior – medida implementada pelo Governo de Guterres e que vigorou até ao ano passado –, sustentando que se deve aproveitar a reforma deste imposto para se voltar, «de novo, a isentar ou a reduzir os impostos pagos pelos empresários que continuam a manter empregos no interior de Portugal». E insistiu: «Esta discriminação positiva é fundamental para as empresas que ainda resistem ou para quem deseje investir nesta zona do país».

Por outro lado, o secretário-geral do PS considerou ainda que esta região, que vai de Bragança a Beja, precisa de um programa de desenvolvimento financiado por fundos comunitários. O objetivo é valorizar as suas potencialidades, nomeadamente o turismo, exemplificou, «que tem no interior várias marcas, como a Serra da Estrela, o Alentejo, o Douro ou o Tejo Internacional, sem esquecer o património histórico e edificado e o turismo religioso». A essas mais valias acrescentou a agricultura «verde ou biológica». Nesta sessão, Seguro disse ainda que a reforma do Estado não deve ser feita «em prejuízo das populações do interior», embora tenha admitido que será necessário haver «racionalidade» nos serviços desconcentrados e na Justiça. «Mas isso não poderá significar apenas a retirada, o fecho de serviços públicos, devendo incluir também, se possível, a melhoria da sua qualidade».

Seguro voltou a criticar a extinção de freguesias, feita a «régua e esquadro», e prometeu rever a lei da reorganização administrativa do território se for eleito primeiro-ministro. Durante a manhã, na abertura da conferência, Joaquim Valente, autarca anfitrião, recordou que os governos de António Guterres e José Sócrates foram «muito importantes para a coesão social e territorial» do país. E considerou que o grande problema do interior é o seu despovoamento: «Aparentemente nada nos falta em termos de equipamentos e de infraestruturas, o que não temos são as pessoas cuja fixação deve ser a nossa grande preocupação». Por sua vez, José Igreja, candidato à Câmara da sede do distrito, referiu que a requalificação do Hospital Sousa Martins e do Hotel Turismo da Guarda – «dois grandes projetos do Governo PS», sublinhou – são «projetos adiados». Além disso, o advogado alertou os presentes que o fecho anunciado de tribunais no distrito «pode ser a antecâmara para eliminar municípios».

O interior como «espaço de oportunidades»

A segunda conferência “Em Defesa do Interior” juntou empresários, antigos governantes, técnicos, políticos e responsáveis locais para debater as oportunidades do território em quatro áreas: competitividade, sustentabilidade, questões sociais e serviços administrativos descentralizados. Para o coordenador da iniciativa, Luís Braga da Cruz, antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e ex-ministro da Economia do último governo de António Guterres, os governos da nação devem olhar para o interior como «espaço de oportunidades», tendo chamado a atenção dos participantes para a importância do próximo quadro comunitário. Além disso, considerou que o PS tem que assumir «um compromisso político sério com o interior». Como curiosidade, não passou despercebida a participação de Constantino Rei num dos painéis da conferência. É que o presidente do IPG – e foi nessa qualidade que foi convidado – é o coordenador do programa eleitoral do candidato social-democrata à Câmara da Guarda, Álvaro Amaro. Depois desta sessão, Seguro participou na apresentação dos candidatos em Trancoso (Amílcar Salvador), Mêda (Anselmo Sousa) e Vila Nova de Foz Côa (Fernando Girão).

Luis Martins «Um Governo que não conhece o interior não pode resolver nenhum problema», afirmou António José Seguro

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